Acabou o reality show “A Fazenda”. Não acompanhei o programa, portanto não pretendo emitir nenhuma opinião sobre sua qualidade. Contudo, fiquei sabendo que o ator Dado Dolabella, que ficou conhecido por agredir mulher e ser enquadrado na Lei Maria da Penha (que trata da violência doméstica), foi eleito o vencedor. Por voto maciço de internautas e telespectadores.
Pergunta para quem votou: um povo que não só esquece o que fez um agressor de mulheres como o premia com R$ 1 milhão tem moral para exigir a saída de um corrupto da presidência do Senado? Imagina! Zé, fica aí mais um tempo que esse povo vai deixar tudo para lá e, de quebra, você pode ser eleito herói nacional.
Posto abaixo o texto da jornalista Maíra Kubik Mano, do Viva Mulher, recorrente neste blog quando o assunto é questão de gênero:
Maria da Penha foi para a roça na Fazenda
Com o voto popular, Dado Dolabella venceu ontem o reality show “A Fazenda” e embolsou R$ 1 milhão. A final, disputada entre o ator e a cantora Danni Carlos, foi a coroação de um ex-global que não andava com a imagem muito positiva desde um episódio envolvendo violência e Luana Piovani.
Para quem não se lembra, no ano passado Dado foi enquadrado na Lei Maria da Penha por bater em uma funcionária de Luana e acabou preso ao tentar se aproximar da ex-namorada, descumprindo uma ordem judicial.
À época, muitos saíram em defesa do ator, dizendo que ele não deveria mudar seu estilo de vida apenas para evitar cruzar com alguém que havia agredido. “Vamos supor que o Dado esteja mastigando um delicioso atum no Sushi Leblon e, repentinamente, entra a Luana. O que deve ele fazer? Fugir dali, correndo, sem pagar a conta? Ou ainda ir para debaixo da mesa, chamar o garçom, explicar a situação, cobrir o rosto com um guardanapo e sair de fininho?”, disse então o vice-presidente de operações da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, em seu blog.
Agora, em um período em que a Lei Maria da Penha está sob ataques, seja por interpretações distorcidas de juízes, falta de orçamento ou liminares que tramitam em tribunais superiores para tentar diminuir sua efetividade, a vitória de Dado pode ser uma demonstração de que a população de fato não se importa muito com antecedentes criminais como esse. Eu nem conheço Danni Carlos e muito menos acompanhei o reality show, mas votei nela. Achei que seria pedagógico Dado não ganhar e esperava que as pessoas se lembrassem de suas atitudes. É, não foi o que aconteceu.
Dado saiu vitorioso não apenas porque levou uma bolada em dinheiro. Ele conseguiu o que na comunicação chamam de “lavagem de marca” – um golpe midiático que permite a alguém ou a alguma empresa reconquistar o público após uma má fase ou um escândalo. Seja pelo poder da imprensa, pelo esforço do ator, porque a população se esquece com facilidade ou porque ainda encare com normalidade agressões como a que ele cometeu, a Lei Maria da Penha tomou mais uma rasteira. Ninguém comentou, viu ou se importou. Apenas legitimaram todo o circo armado e, com 83% dos votos, ajudaram a apagar do currículo de Dado o o item “bateu em mulher”.
Leonardo Sakamoto - no seu blog
Pergunta para quem votou: um povo que não só esquece o que fez um agressor de mulheres como o premia com R$ 1 milhão tem moral para exigir a saída de um corrupto da presidência do Senado? Imagina! Zé, fica aí mais um tempo que esse povo vai deixar tudo para lá e, de quebra, você pode ser eleito herói nacional.
Posto abaixo o texto da jornalista Maíra Kubik Mano, do Viva Mulher, recorrente neste blog quando o assunto é questão de gênero:
Maria da Penha foi para a roça na Fazenda
Com o voto popular, Dado Dolabella venceu ontem o reality show “A Fazenda” e embolsou R$ 1 milhão. A final, disputada entre o ator e a cantora Danni Carlos, foi a coroação de um ex-global que não andava com a imagem muito positiva desde um episódio envolvendo violência e Luana Piovani.
Para quem não se lembra, no ano passado Dado foi enquadrado na Lei Maria da Penha por bater em uma funcionária de Luana e acabou preso ao tentar se aproximar da ex-namorada, descumprindo uma ordem judicial.
À época, muitos saíram em defesa do ator, dizendo que ele não deveria mudar seu estilo de vida apenas para evitar cruzar com alguém que havia agredido. “Vamos supor que o Dado esteja mastigando um delicioso atum no Sushi Leblon e, repentinamente, entra a Luana. O que deve ele fazer? Fugir dali, correndo, sem pagar a conta? Ou ainda ir para debaixo da mesa, chamar o garçom, explicar a situação, cobrir o rosto com um guardanapo e sair de fininho?”, disse então o vice-presidente de operações da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, em seu blog.
Agora, em um período em que a Lei Maria da Penha está sob ataques, seja por interpretações distorcidas de juízes, falta de orçamento ou liminares que tramitam em tribunais superiores para tentar diminuir sua efetividade, a vitória de Dado pode ser uma demonstração de que a população de fato não se importa muito com antecedentes criminais como esse. Eu nem conheço Danni Carlos e muito menos acompanhei o reality show, mas votei nela. Achei que seria pedagógico Dado não ganhar e esperava que as pessoas se lembrassem de suas atitudes. É, não foi o que aconteceu.
Dado saiu vitorioso não apenas porque levou uma bolada em dinheiro. Ele conseguiu o que na comunicação chamam de “lavagem de marca” – um golpe midiático que permite a alguém ou a alguma empresa reconquistar o público após uma má fase ou um escândalo. Seja pelo poder da imprensa, pelo esforço do ator, porque a população se esquece com facilidade ou porque ainda encare com normalidade agressões como a que ele cometeu, a Lei Maria da Penha tomou mais uma rasteira. Ninguém comentou, viu ou se importou. Apenas legitimaram todo o circo armado e, com 83% dos votos, ajudaram a apagar do currículo de Dado o o item “bateu em mulher”.
Leonardo Sakamoto - no seu blog
Um comentário:
Graça e paz muito bom o blog parabens ja estou seguindo e que Deus venha te abençoar a cada dia mais, te convido a visitar meu blog tbm, http://jonas-oservodedeus.blogspot.com/ fik na paz...
Postar um comentário