sábado, 22 de agosto de 2009

145 anos da Cruz Vermelha

Cruz Vermelha surgiu após massacre em guerra do século XIX
Batalha de Solferino deixou 40 mil feridos na Itália. Após levante para tentar ajudar vítimas, homem deu ideia de entidade.
Neste sábado (22), a Cruz Vermelha comemora 145 anos da assinatura de seu tratado na Convenção de Genebra. A organização, que atua na proteção humanitária e ajuda à vítimas de guerra, teve início com a indignação de um homem após ver a falta de assistência aos feridos em uma guerra do século XIX.

O ano era 1859. Uma batalha na cidade de Solferino, na Lombardia italiana, deixou 6 mil mortos e 40 mil feridos em menos de dois dias. Era a luta pela unificação da Itália e o cenário após a guerra era devastador. Os suprimentos médicos dos franceses - aliados dos sardenhos contra os austríacos - eram precários e os feridos foram obrigados a se locomoverem até o vilarejo mais próximo, em Castiglione. Apenas 9 mil conseguiram chegar vivos.

No dia em o vilarejo foi invadido pelas vítimas da batalha, um suíço chamado Henry Dunant estava chegando à região para se encontrar com Napoleão III. Quando viu a situação dos feridos, ele organizou um mutirão e conseguiu colocar a maioria em abrigos e igrejas, com a ajuda da população local.


O tempo passou e Dunant não conseguiu esquecer o que viveu em Castiglione. Em 1862 ele publicou em livro a experiência de ajudar tantas pessoas. "Memórias de Solferino" foi um grande sucesso, sendo traduzida para quase todos os idiomas europeus e lido por pessoas influentes.


Uma delas era Gustave Moynier, advogado e presidente de uma pequena entidade beneficente de Genebra. Em 1863, ele ficou maravilhado com a ideia e propôs os resultados do trabalho de Dunant para um grupo de mais três pessoas, além do próprio Dunant. Eles formaram um comitê, a princípio chamado de Comitê Internacional para Ajuda de Feridos, que depois ficou conhecido como Comitê Internacional da Cruz Vermelha.


O grupo se reuniu pela primeira vez em fevereiro daquele ano e decidiu que para conseguir ajudar feridos em combate precisavam de distintivos de segurança. Meses depois, eles perceberam que precisariam reunir uma conferência internacional em Genebra para estudar medidas para superar as dificuldades de assistência médica em campos de batalha. Em outubro de 1963, o encontro teve a participação de 14 delegações de países e estabeleceu as bases para a implementação das sociedades da Cruz Vermelha em cada nação. Hoje existem pelo menos 181 escritórios reconhecidos, em quase todos os países do mundo.


Mas as regras ainda não tinham legitimidade internacional abrangente. Faltava um documento com força de lei. Foi aí que o governo suíço se encarregou de enviar uma carta-convite a todos os governos europeus, EUA, Brasil e México, para comparecer à Convenção de Genebra.

O ano era 1859. Uma batalha na cidade de Solferino, na Lombardia italiana, deixou 6 mil mortos e 40 mil feridos em menos de dois dias. Era a luta pela unificação da Itália e o cenário após a guerra era devastador. Os suprimentos médicos dos franceses - aliados dos sardenhos contra os austríacos - eram precários e os feridos foram obrigados a se locomoverem até o vilarejo mais próximo, em Castiglione. Apenas 9 mil conseguiram chegar vivos.

No dia em o vilarejo foi invadido pelas vítimas da batalha, um suíço chamado Henry Dunant estava chegando à região para se encontrar com Napoleão III. Quando viu a situação dos feridos, ele organizou um mutirão e conseguiu colocar a maioria em abrigos e igrejas, com a ajuda da população local.

O tempo passou e Dunant não conseguiu esquecer o que viveu em Castiglione. Em 1862 ele publicou em livro a experiência de ajudar tantas pessoas. "Memórias de Solferino" foi um grande sucesso, sendo traduzida para quase todos os idiomas europeus e lido por pessoas influentes.

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Fora da Zona de Conforto! [22/08/09]

ONU critica falta de solidariedade com ilegais à deriva
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) manifestou preocupação nesta sexta-feira com relatos de que barcos no Mediterrâneo se recusaram a auxiliar uma embarcação repleta de imigrantes africanos que ficou à deriva.


Escravidão moderna ainda domina no Golfo Pérsico
No Golfo Pérsico a situação de centenas de milhares de trabalhadores estrangeiros está atrelada ao empregador. Ilhas das Palmeiras em Dubai, torres reluzentes em Qatar, plataformas de extração de petróleo em Abu Dhabi: tudo isso não seria possível sem as centenas de milhares estrangeiros que lá trabalham.

Guerrilheiros depõem armas na Nigéria, mas grupo rebelde anuncia ataques
O principal grupo rebelde da Nigéria anunciou neste sábado que voltará a atacar o maior pólo industrial da África no próximo mês, ofuscando a entrega de centenas de armas por rebeldes em um programa federal de anistia.

Contra a pobreza, a favor dos pobres

"Quantos pobres são necessários para fabricar um rico?".
César Vallejo, poeta peruano

Resumindo a situação de tristeza e descaso sofrida pelos índios nas Américas, o equatoriano Juan Montalvo (1832-1889) certa vez disse que "se a minha pena tivesse o dom das lágrimas, eu escreveria um livro intitulado O Índio e faria chorar o mundo".

A exemplo do poeta Montalvo, todos nós que tivemos a oportunidade de escapar da pobreza e de não conhecermos a dor da fome, deveríamos escrever, cada um de nós, nossos livros e intitulá-los "A fome: a mais abjeta situação dos homens" e, dessa forma, também fazer chorar o mundo.

Afinal, todos os anos milhões de pessoas morrem na África, Ásia, Américas e também na Europa, simplesmente por nada terem o que comer. São simplesmente alarmantes e inadmissíveis os dados disponíveis dos organismos internacionais sobre a fome no mundo: a cada quatro segundos uma pessoa morre de fome - 75% delas são crianças menores de cinco anos de idade. São 15 mortes por minuto, quase 22 mil por dia, mais de 8 milhões por ano.

Não é segredo a ninguém de que a fome dos dias atuais não acontece em decorrência da falta de alimentos. Logo, "alguém", de forma desumana e impiedosa, tem pisoteado no sofrimento dos mais necessitados, condenando milhões de seres humanos a mais abjeta situação: morrer de fome.

O certo é que ninguém escolhe ser pobre. Todos o são como vítimas de relações injustas, diz acertadamente Frei Betto.

A pobreza de uns, não pode ser decorrente da soberba e ganância de outros. A riqueza não tem o direito de esfoliar a pobreza, assim como o mundo rico não pode abandonar os mais pobres à própria sorte. Se sobra para uns o que tanto falta aos outros, a repartição, nesse caso, deve ser ato obrigatório, pois além de ser moralmente desejável, tal ato vem revestido de dignidade e de forte sentimento humano, naquilo que todos clamamos: o respeito à vida.

As mais variadas doutrinas teológicas tem exaustivamente insistido, à sua maneira, na opção a favor dos pobres. A Teologia da Libertação, cujo berço de propagação é a América Latina, exclama que "fora dos pobres não há salvação". De igual modo, a doutrina (ou filosofia de vida) decodificada por Allan Kardec acentua que "a caridade produzirá a salvação".

Todavia, talvez o maior exemplo desse engajamento doutrinário religioso em favor dos pobres esteja com Jesus, o Cristo. Quando inicia Seu ministério, deixa o Jordão e dirige-se à Galiléia. Dentre todas as vilas ao norte do lago Tiberíades, escolhe Cafarnaum - refúgio dos mais pobres dentre os pobres, como bem assinala Maria José de Queiróz na obra Em nome da pobreza.

A imperfeição da sociedade

A existência da fome e da miséria evidencia a imperfeição da sociedade, e mostra, antes de qualquer outra coisa, que o homem, por natureza, pensa e age de forma individual, e não coletiva, pois somente isso explica a abundância de um lado, enquanto, do outro, a escassez ceifa vidas. Santo Agostinho, no século III, a esse respeito, se manifestou: "O supérfluo dos ricos é o necessário dos pobres".

Num mundo cujos modelos econômicos desvalorizam os seres humanos e enaltecem o valor do dinheiro, as relações sociais, a cada dia, se desvanecem por completo. Não é à toa que, nesse pormenor, o sujeito central do processo de crescimento, em várias partes do planeta, continua sendo o mercado, e o objetivo final, a mercadoria.

Isso remonta tempos antigos. Historicamente, sobre os alicerces da miséria e da fome o grande capital construiu (e vem solidificando, desde então) sua riqueza, assim como várias sociedades foram edificadas nos padrões do luxo, usando o sangrento suor dos escravos, tratados como meros seres descartáveis.

O mundo aboliu a escravidão "libertando" os negros do cativeiro, mas não aboliu o salário indigno pago aos trabalhadores do momento - os novos "escravos" do dias atuais. O salário mínimo pago, na média, nos primeiro anos do século XXI, é inferior ao custo médio para manter um escravo nos últimos anos da escravidão, no século XIX.

O homem moderno ainda não se deu conta de que o mais importante é a sociedade, e não o mercado. Enquanto não for mudada essa visão, trocando o mercado e a mercadoria pelo ser humano, as desigualdades continuarão a ser vistas como meras estatísticas nos boletins informativos dos acadêmicos e nos balanços sociais dos governos, e a exclusão social continuará a ser a maior chaga dos tempos hodiernos.

Apóstolos das transformações sociais

Para tentar mudar essa situação, a conscientização/ação (primeiro conhecer e depois agir) dos problemas sociais passa a ser tarefa obrigatória de todos. Nesse pormenor, o economista moderno, acostumado aos números da desigualdade social, precisa também de uma transformação conceitual interna entendendo que deve ser (e agir) como apóstolo das transformações sociais, e não como mero técnico e analista de números e estatísticas que não enchem a barriga de ninguém.

Contra a exclusão, a favor da inclusão. Contra a pobreza, a favor dos pobres, dos deserdados, dos excluídos, dos perseguidos, dos mutilados. Essa deve ser a conduta daqueles ao se engajarem na luta por um mundo melhor. Tanto os mais ricos quanto os mais pobres dos pobres tem os mesmos direitos, e esses precisam ser resguardados.

Essa luta, no entanto, é intensa. Afinal, contrariar interesses constituídos em favor dos poderosos não é tarefa fácil. Essa luta passa pela democratização do acesso à terra, contra o latifúndio; pela geração de emprego com justa remuneração, contra o subemprego e a pífia condição de trabalho. Pelo direito de se alimentar, contra a abundância dos alimentos mal distribuídos. Pela paz, em lugar da guerra. Pela vida, contra a morte.

Para isso, há uma tarefa descomunal pela frente na tentativa de mudar a sorte dessa multidão que morre de fome e que conhece, de perto, o drama da exclusão. O homem moderno não pode se curvar e se ausentar dessa missão. Essa tarefa deve ser seu objetivo de vida. O escritor cubano Alejo Carpentier diz, na parte final de O reino deste mundo que devemos "descobrir as tarefas que ficam por terminar, que serão sucedidas no futuro por outras tarefas, de forma que sempre haverá tarefas".

É verdade que não fomos consultados para vir ao mundo, mas exigimos que nos consultem para viver nele. E, de toda sorte, queremos viver num mundo mais justo e menos desigual. Acima de tudo, e contra os opressores, vale lembrar as palavras do poeta Rabindranath Tagore, em Meditações: "Desejamos que a próxima civilização não se baseie tão somente na competição e na exploração econômica e política, mas na cooperação social de todo o mundo, em idéias espirituais de reciprocidade, e não em idéias econômicas de eficiência".

Marcus Eduardo de Oliveira - Adital
Economista e professor universitário. Mestre pela USP em Integração da América Latina e Especialista em Política Internacional

Vida nova para os amputados do Afeganistão

Há mais de 20 anos, Najmuddin sofreu uma tragédia pessoal, quando suas pernas foram amputadas acima do joelho em decorrência da explosão de uma mina terrestre. Hoje, ele dirige o Centro Ortopédico do CICV em Cabul, onde, todos os dias, conhece e cuida de vítimas de minas e artefatos explosivos improvisados.


Miséria S/A - O Rappa

Malauí: 930 mil pessoas infectadas com AIDS

Na Igreja Apostólica de Jesus Cristo:

"Estamos iniciando uma nova campanha de Jejum. Este é o tempo em que Deus nos dará Portas Abertas, são as portas que se abrem para a Igreja Apostólica de Jesus Cristo.
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém significa para a Igreja a abertura e a entrada na dimensão espiritual que significa Jerusalém. Foi a cidade conquistada por Davi, onde ele enterrou a cabeça de Golias e onde foi ungido rei. Jerusalém foi a cidade que aclamou a Jesus Cristo como rei, cidade onde foi morto, cidade onde ressuscitou em glória.
As portas estão abertas para o tempo de conquistas, de vitórias, de honra e louvor. Este é o tempo em que como Igreja Apostólica entraremos por estas portas.
Que Deus te abençoe e que juntos vivamos o tempo dos maiores milagres de Deus em nossas vidas, em nome de Jesus. Amém!"

Apóstolo Estevam Hernandes.


Distante das portas abertas da Igreja Apostólica de Jesus Cristo, crianças padecem com AIDS por falta de recursos:


Malauí: Programa de HIV/Aids descentralizado compensa falta de recursos humanos

Com cerca de 930 mil pessoas infectadas, entre adultos e crianças, o Malauí tem um dos maiores índices de incidência de HIV/Aids do mundo. Doze porcento da população com idades entre 15 e 49 anos está infectada e 68 mil pessoas morrem devido à doença todos os dias. Mais de 13 mil pacientes de MSF recebem antirretrovirais (ARVs). Mas apesar das 211 unidades nacionais oferecerem ARVs gratuitamente em 2008, apenas 50% dos pacientes têm acesso aos medicamentos e outros 290 mil ainda esperam por tratamento.

Setenta e cinco africanos morrem em barco no Mediterrâneo

Dentro do maravilhoso mundo do aquário:

Livro das melhores adegas do mundo custará R$ 2,62 milhões
O preço se torna mais "justificável" porque o livro vem acompanhado por 600 garrafas de vinho: seis itens de cada um dos cem produtores selecionados para a obra única.

Fora do aquário:

Cerca de 75 imigrantes africanos morreram no Mediterrâneo após ter acabado a comida e água do barco em que estavam, informou nesta sexta-feira a Organização das Nações Unidas (ONU), atribuindo a informação aos únicos cinco sobreviventes do que classificou como uma "tragédia chocante".

Os imigrantes, principalmente eritreus, embarcaram há três semanas em um pequeno barco em Trípoli, na Líbia, para atravessar o mar. O combustível acabou após três dias, e muitas embarcações passaram por eles sem oferecer ajuda, disse a jornalistas o Alto Comissariado da ONU para Refugiados.

Funcionários da alfândega italiana encontraram o barco na quinta-feira. Um navio de pesca chegou a oferecer pão e água, mas depois se afastou dos imigrantes, ele disse.

6.000 árvores a cada minuto


"Parem, homens! Cada minuto 6,000 árvores na floresta tropical são cortadas. Ajude-nos a parar com o desmatamento da floresta."

Rettet den Regenwald

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Transigência vazia

Ricardo Gondim

Depois de enlameado e jogado na abjeta sarjeta da heresia, ainda tive que ouvir: “Ricardo, você é uma das pessoas mais éticas que conheço”. Confesso, não me empolguei nem um tiquinho com o elogio. Por uma razão muito simples, ética vale muito pouco dentro do movimento evangélico. O que a pessoa me dizia, na verdade, é que, embora ético, infelizmente mereço garrote inquisitorial, ostracismo social, difamação e abandono relacional. Dispenso o confete. Na boca de um ortodoxo ele não passa de condescendência. Acomodação branda sem valor.

A deformação ética do Brasil, percebo estarrecido com os últimos eventos, não se restringe ao movimento religioso que participei a vida inteira. Ela é nacional. Em nome da governabilidade, o partido que sustenta o governo faz alianças com políticos anacrônicos, oligarcas medonhos que condenaram milhões à morte. Em nome do mandato missionário, fecham-se os olhos para falcatruas contábeis. Toleram-se ratos para não atrapalhar a exequibilidade do projeto.

O governo quer eleger o próximo presidente (próxima?) e não pisca duas vezes antes de vender-se ao diabo. Os evangélicos querem povoar o céu e para isso precisam de dinheiro, muito dinheiro. Urge construir mega catedrais, comprar redes de televisão, jatinhos e helicópteros. Não seria possível estabelecer o reino de Deus sem montar filial em Miami. Para valer o discurso esfarrapado da “unção” divina, é preciso mostrar produtividade.

Ninguém se elege no Brasil sem beijar a mão nojenta de caudilhos que se emporcalharam na corrupção. A grana que financia megalomanias evangélicas não cai do céu, como o maná dos tempos de Moisés. Então, que os escrúpulos vão às favas!

A roda tem que girar, o show da fé precisa do horário nobre. É o vale tudo tupiniquim que fez Rui Barbosa afirmar que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Responda, antes que se multipliquem os conselhos piedosos do tipo “não se deve desistir”, “a esperança é a última que morre”, “Deus está no controle”, “blábláblá”. Quantos ladrões de colarinho branco foram presos nos últimos vinte anos? Quantas denúncias de corrupção acabaram arquivadas na Câmara dos Deputados e no Senado? Quantas igrejas se esvaziaram depois que seus líderes foram sentenciados por crime? “Denuncismo”, grita o Presidente com a língua (e o rabo) presa. “Satanás”, vocifera o pastor engravatado de cima do púlpito.

Não, não sou pessimista, apenas realista. Se conseguirem repatriar o dinheiro da merenda escolar depositado no Paraíso Fiscal, voltará apenas uma fração. Se provarem que houve extorsão e lavagem de dinheiro na igreja-empresa, nada acontecerá com o apóstolo ou bispo. O presidente manterá seus altíssimos índices de popularidade. A igreja vai convocar uma vigília de oração para amarrar o diabo, que será um sucesso.

Prefiro a pecha de herege ao de bandido. E por falar em heresia, gosto mais do Chico Buarque do que do televangelista de voz aveludada: “Mesmo com toda a fama, com toda a brahma/ Com toda a cama, com toda a lama/ A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando/ A gente vai levando essa chama”.

Soli Deo Gloria

Fora da Zona de Conforto! [21/08/09]

Nunca houve tantos escravos como nos dias atuais, diz pesquisador
Estimativas apontam que haja entre 12 milhões e 27 milhões de escravos, conta o jornalista Benjamin Skinner. Brasil, um dos últimos países a abolir formalmente a escravidão, é um dos mais proativos no combate ao tráfico.

Conflito no Iêmen desaloja mais de 100.000 pessoas, diz ONU
Mais de 100.000 pessoas, das quais muitas crianças, foram desalojadas de suas casas no Iêmen pela recente irrupção de conflitos entre o governo e rebeldes muçulmanos xiitas, disse uma agência da ONU nesta sexta-feira.

Seca leva Índia a importar alimentos
O governo da Índia anunciou nesta sexta-feira que será obrigado a importar comida para combater os efeitos da grave seca no país. Segundo estimativas, a seca estaria afetando 700 milhões de indianos.

Setenta e cinco africanos morrem em barco no Mediterrâneo
Cerca de 75 imigrantes africanos morreram no Mediterrâneo após ter acabado a comida e água do barco em que estavam, informou nesta sexta-feira a Organização das Nações Unidas (ONU), atribuindo a informação aos únicos cinco sobreviventes do que classificou como uma "tragédia chocante".

Tufão deixa mais de 600 mortos ou desaparecidos em Taiwan
Militares começavam a resgatar corpos soterrados nesta sexta-feira em Taiwan, depois que um dos piores tufões já registrados na ilha deixou mais de 600 pessoas mortas ou desaparecidas.

ONU anuncia volta de 1,6 mi de deslocados no Paquistão
A ONU avaliou hoje em 1,6 milhão o número de deslocados que foram reinstalados no norte do Paquistão, onde o Exército paquistanês realizou uma operação contra a insurgência, mas afirmou que 126,29 mil pessoas já fugiram do reduto talibã do Waziristão do Sul, possível cenário de um novo conflito.

Taiwan ajudará 136 mil famílias vítimas de tufão
O governo de Taiwan anunciou hoje que compensará mais de 136 mil famílias que sofreram tiveram suas casas inundadas ou destruídas pelo tufão "Morakot", o mais devastador dos últimos 50 anos na ilha.

Campanha combate impunidade e crimes contra a infância
O Unicef na Guatemala (Fundo das Nações Unidas para a Infância) convocou esta semana a população do país e os poderes da Federação a participar da Campanha Não à Impunidade de Delitos e Crimes Contra a Infância. Dados nacionais mostram que 98% dos casos de execução de crianças e adolescentes não chegam a ser esclarecidos. "A única forma de combater a violência contra a infância é combater efetivamente a impunidade", diz um comunicado da organização.

ONG cria site para colocar favelas do Rio no mapa
Comunidades carentes do Rio de Janeiro excluídas do foco de mapeamento de ruas disponíveis na Internet estão aproveitando ferramentas da Web para se inserirem no mapa digital da cidade.

Apadrinhe uma criança




O que é o apadrinhamento

Ao apadrinhar uma criança, você passa a fazer contribuições mensais para a Visão Mundial e cria um vínculo com a criança que escolheu. Você será o único padrinho ou madrinha da criança.

Suas contribuições vão ajudar a Visão Mundial a suprir as necessidades imediatas e de longo prazo daquele menino ou menina. Somado aos dos outros padrinhos que escolheram crianças daquela comunidade, seu apoio financeiro será direcionado ao nosso projeto local. Portanto, o dinheiro não é enviado diretamente para a criança ou sua família. O objetivo final dos nossos projetos nas comunidades é, agindo em parceria com as pessoas locais, proporcionar seu desenvolvimento econômico e social, até que se tornem autossuficientes e estejam preparadas para enfrentar períodos emergenciais, como secas prolongadas.

Assim, além de receber atendimento direto, com alimentação adequada, apoio aos estudos e assistência à saúde, por exemplo, a criança que você apadrinhou vai ser beneficiada pela melhoria das condições de vida da sua família e comunidade. Sua ajuda será fundamental em projetos que abrangem, entre outras, as seguintes áreas de atuação:

• Educação
• Capacitação profissional
• Nutrição
• Desenvolvimento agrícola
• Saúde
• Tratamento da água





Cruz Vermelha




Conheça mais no link http://www.icrc.org/por

A preocupação humana com a a justiça é um teomorfismo

O pensamento de Abraham Joshua Heschel.
Ricardo Gondim Rodrigues

Dentre os pensadores judeus, gosto muito de Abraham Joshua Heschel. Sua obra prima trata dos profetas. Heschel ensinava que os profetas eram mais que porta vozes de Jeová. Eles sentiam (pathos) e transmitiam o coração de Deus; percebiam tanto os projetos como a própria dor divina para com o seu povo rebelde.

"O pensamento decisivo na mensagem dos profetas não é a presença de Deus para o homem, mas, antes, a presença do homem para Deus. Eis porque a Bíblia é mais uma antropologia de Deus do que uma teologia do homem. Os profetas não falaram tanto do interesse do homem por Deus, como no interesse de Deus pelo homem. No princípio há o interesse divino. É devido ao divino interesse pelo homem que o homem pode ter um interesse por Deus, que somos capazes de buscá-lo".

"A preocupação incondicional de Deus com a justiça não é um antropormofismo. Ao contrário, a preocupação humana com a a justiça é um teomorfismo".

Exposição Interativa dos Médicos Sem Fronteiras


Centro de saúde para pacientes infectados por HIV e tuberculose (TB). Essa região também possui elevadas taxas de casos de diabetes e hipertensão e baixo índice de tratamento adequado e digno. Médicos Sem Fronteiras começou a atuar de forma inovadora no combate a essas doenças, inclusive em pacientes com tuberculose resistente a drogas. O projeto no Camboja é um marco na história das ações de HIV da organização: é considerado exemplo mundial por ter provado a viabilidade de se tratar os pacientes em contextos difíceis. MSF leva ajuda aos cambojanos desde 1979.

O departamento de cirurgia de MSF em Dayniile, na periferia de Mogadíscio, tratou mais de 2,1 mil pessoas vítimas de traumas desde o início de 2008. Mais da metade eram mulheres e crianças com menos de 14 anos de idade. Apesar da instabilidade, MSF trabalha na Somália há mais de 17 anos e atualmente oferece assistência médica em 10 regiões do país. Em 2007, equipes médicas realizaram mais de 2,5 mil cirurgias, 520 mil consultas e internaram cerca de 23 mil pacientes nos hospitais.

Conheça mais na exposição interativa dos Médicos Sem Fronteiras, clique na imagem abaixo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Fora da Zona de Conforto! [20/08/09]

Mais de 1.300 crianças são contaminadas por metalúrgica na China
As autoridades chinesas fecharam uma fundição na província de Hunan, depois que mais de 1.300 crianças ficaram doentes com sinais de envenenamento por chumbo, segundo a mídia estatal chinesa.


Malauí: Programa de HIV/Aids descentralizado compensa falta de recursos humanos

Com cerca de 930 mil pessoas infectadas, entre adultos e crianças, o Malauí tem um dos maiores índices de incidência de HIV/Aids do mundo. Doze porcento da população com idades entre 15 e 49 anos está infectada e 68 mil pessoas morrem devido à doença todos os dias. Mais de 13 mil pacientes de MSF recebem antirretrovirais (ARVs). Mas apesar das 211 unidades nacionais oferecerem ARVs gratuitamente em 2008, apenas 50% dos pacientes têm acesso aos medicamentos e outros 290 mil ainda esperam por tratamento.

Pesquisa diz que mudança climática afetará pobres de países desenvolvidos
A mudança climática aumentará os preços dos alimentos e isso afetará sobretudo as populações urbanas dos países em desenvolvimento, segundo um estudo publicado hoje pela revista "Environmental Research Letters".O documento explicou que as nações mais afetadas pela situação serão Bangladesh, México e Zâmbia.

Enviado dos EUA no Sudão pede fim das sanções por razões humanitárias
"A região necessita ajuda material para seu desenvolvimento mas, infelizmente, as sanções impedem o envio desta ajuda", indicou. O Exército Popular para a libertação do Sudão assinou com o Governo de Cartum um acordo de paz, dia 9 de janeiro de 2005, que pôs fim a 21 anos de uma das guerras mais longas da África, que causou 2 milhões de mortos.

Brasil: Presidente do CICV se reúne com autoridades para discutir desafios humanitários
O CICV instalou seu primeiro escritório no Brasil em 1991 com o objetivo de ajudar o país a incorporar as regras do Direito Internacional Humanitário em sua legislação nacional e nas diretrizes operacionais das forças armadas. Desde 2008, com o apoio da Cruz Vermelha Brasileira, o CICV tem realizado campanhas de saúde com moradores de algumas das comunidades mais carentes do Rio de Janeiro.


Seca atinge 41% dos distritos da Índia, diz governo
O governo da Índia admitiu nesta quinta-feira que a seca afeta 246 dos mais de 600 distritos do país e anunciou medidas para ajudar os trabalhadores rurais, prejudicados por uma estação de monção menos chuvosa do habitual.

Taiwan destina US$2,9 bi para reconstrução após tufão Morakot
O governo de Taiwan aprovou nesta quinta-feira um orçamento especial de 100 bilhões de dólares taiwaneses (US$ 2,9 bilhões) para a reconstrução das áreas afetadas pela passagem do Morakot, o pior tufão em 50 anos, que matou cerca de 500 pessoas e causou destruição no sul da ilha.


Cinco anos de impunidade: Ato protesta contra massacre de moradores de rua em SP
Se pudesse tirar o povo de rua do mapa do mundo, muita gente ficaria feliz"
O massacre ocorreu nas madrugadas dos dias 19 e 22 de agosto de 2004, nas ruas de São Paulo, capital. Das 15 pessoas agredidas, 7 morreram. Desde então, movimentos, organizações, grupos sociais e religiosos promovem manifestações em todo o país pedindo justiça e respeito aos seres humanos, não importando se são moradores em situação de rua ou não.

Não permita que a AIDS continue ganhando terreno


Economia e espiritualidade: por um outro mundo mais justo e sustentável

Um outro sistema econômico é possível e necessário.

A princípio, sempre podemos e devemos afirmar que um outro mundo e um outro sistema econômico são possíveis. Podemos afirmar, pois isso é um fato histórico e social na medida em que todas as formas de sociedades e economias, como todas as instituições humanas, são situadas historicamente e têm início e fim. Além de ser uma constatação factual, devemos sempre anunciar que um outro mundo é possível, pois esquecer isso significa absolutizar o sistema vigente. E sistemas sociais que são tratados ou se afirmam como absolutos - dizendo que não há alternativa a elas - convertem-se em ídolos e exigem sempre sacrifícios de vidas humanas.

O dever de anunciar e lutar por um outro mundo não nasce somente dessa posição filosófica ou teológica de negar o caráter absoluto do mundo atual, mas principalmente das graves crises sociais (miséria, desemprego estrutural, exclusão social, violência, etc) e da crise ambiental geradas pelo atual modelo de globalização econômica. O atual sistema econômico-social é injusto e insustentável.

É insustentável porque o crescimento econômico do atual modelo de globalização necessita que o padrão de consumo dos países ricos seja introduzido cada vez mais por todo o mundo, homogeneizando o estilo de vida e desejos de consumo. É essa homogeneização do padrão de consumo e das relações sociais que permite a produção em escala global e o mercado consumidor global, sem os quais as grandes corporações transnacionais perderiam a sua vantagem competitiva. Essa expansão se legitima sob o mito do progresso econômico que diz que não há limites para o crescimento econômico, que esse crescimento pode e deve ser imitado por todo o mundo e que há uma harmonia entre o progresso técnico, crescimento econômico e o desenvolvimento da humanidade. Em outras palavras, quanto mais crescimento econômico e mais consumo, mais desenvolvimento humano e realização do ser humano.

Esse mito central e fundante do mundo moderno não está presente somente nos livros ou nos discursos ideológicos, mas também no cotidiano das pessoas integradas nessa economia e nessa cultura. Tomemos como exemplo o depoimento de uma ex-diretora da Coca-Cola no Brasil, Marilene Pereira Lopes, de 51 anos: "Na noite de 17 de maio de 2001 dormi pensando na agenda pesada que teria de enfrentar no dia seguinte. Quando acordei não estava sentindo meu braço. (...) Durante a madrugada tinha sofrido um acidente vascular no lado esquerdo do cérebro. (...) As pessoas acreditam que, se as coisas vão bem no trabalho, se a vida profissional está em ascensão, todo o resto ficará bem. Foi preciso passar por um drama para perceber que isso não é verdade. Aos poucos voltei a falar, ainda que com dificuldade. Resolvi pedir demissão e fazer uma revisão da minha vida". 1

Não somente o corpo humano tem limites, como a própria natureza possui limites que não possibilitam a universalização do padrão de consumo da elite dos países ricos. Na verdade, essa obsessão por mais crescimento econômico e mais consumo é um das causas principais da crise ambiental. Além disso, as elites e os setores médios dos países pobres só conseguem realizar o seu desejo de imitar o padrão de consumo das elites dos países ricos na medida em que aumentam a taxa de exploração sobre os mais pobres e diminuem gastos nas áreas sociais, gerando uma divisão no interior do país entre os incluídos nesse novo mercado global e os excluídos. Na medida em que a pressão da economia capitalista global e os desejos de imitação do padrão de consumo empurram os processos econômicos e sociais nessa direção da homogeneização do padrão de consumo e a busca frenética de mais consumo, as crises sociais e ambientais se agravam.

É claro que, diante dessa crise, surgem muitos ideólogos do capitalismo anunciando que o progresso contínuo da ciência e da tecnologia será capaz de superar os limites da natureza e que o mercado livre será capaz de superar essas crises sociais. Eles anunciam uma fé cega na ciência, na tecnologia e no mercado para tentar esconder ou desviar a atenção dos sofrimentos de bilhões de pessoas e da destruição do nosso meio ambiente. As mortes de espécies inteiras e de milhões de pessoas seriam os sacrifícios necessários para o crescimento econômico que possibilitaria a realização do desejo de consumo ilimitado.

Em resumo, o atual sistema econômico capitalista não é somente injusto, mas é também econômica, social e ambientalmente insustentável. Diante dessa situação, cabe à teologia e aos grupos religiosos contribuírem a partir da sua especificidade da teologia e da religião. Isto é, podemos e devemos contribuir criticando a absolutização do mercado capitalista, a idolatria do mercado, e o mito do progresso que exigem e justificam sacrifícios de vidas humanas e do meio ambiente; além de criticar esse desejo obsessivo de consumo que nasce da ilusão de que é a imitação dos padrões de consumo da elite que nos torna melhores seres humanos.


Jung Mo Sung

fonte: Adital

Afeganistão: cuidando dos civis encurralados pelo conflito

O Afeganistão é uma das maiores operações mundiais do CICV, com 119 delegados e 1.314 funcionários locais baseados na principal delegação em Cabul e em cinco subdelegações e oito escritórios em todo o país. Este relatório mostra as atividades do CICV no país em julho de 2009.

Situação humanitária

Os serviços de atendimento sanitário nos vilarejos localizados na linha de frente no sul do Afeganistão foram duramente desestruturados pelo conflito. Os pacientes e seus acompanhantes fazem jornadas cada vez mais longa e perigosas a Kandahar em busca de tratamento. O hospital regional de Mirwais recebe mais e mais crianças com doenças que poderiam ser facilmente tratadas nos postos de saúde e clínicas locais – se ao menos estes estivessem funcionando. Cada vez mais pacientes com graves traumas também são admitidos e o número de civis feridos por artefatos explosivos é alarmante.

As famílias fogem do combate, não só no sul, mas também no norte e no este do Afeganistão. Desde o início de 2009, as equipes de assistência do CICV, junto com voluntários do Crescente Vermelho afegão, forneceram rações alimentares e utensílios domésticos emergenciais para 1.500 famílias deslocadas na província de Kandahar, para quase o mesmo número de famílias na província de Badghis e para cerca de 2.500 famílias em Helmand.

As vítimas civis – por hostilidades armadas, ataques indiscriminados, homens-bomba ou artefatos explosivos improvisados – estão entre as maiores preocupações das pessoas. A última instrução tática do comando da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) liderada pela OTAN torna a proteção aos civis prioridade máxima. Em um novo código de conduta divulgado em julho, a oposição armada também pede que os civis sejam poupados.

Saúde

Em julho, os hospitais administrados pelo Ministério da Saúde Pública e apoiados pelo CICV em Kandahar e Shiberghan (província de Jawzjan) atenderam 3.346 pacientes e realizaram 19.610 consultas. Os cirurgiões dos dois hospitais realizaram 1.019 operações. Além disso:
  • os sete postos de primeiros socorros dos CICV nas regiões sul e central atenderam 455 pacientes;
  • um total de 81 kits com material e equipamento necessários para atender as vítimas do combate foi enviado para as linhas de frente;
  • remédios e outros materiais foram enviados a dez clínicas do Crescente Vermelho apoiadas pelo CICV.

Colocação de próteses e reabilitação

Desde 1988, o CICV está envolvido em atividades de reabilitação e colocação de próteses e reintegração social de portadores de necessidades especiais, como vítimas de minas terrestres e pessoas com dificuldades de locomoção. O CICV administra centros de ortopédicos e protéticos em Cabul, Mazar-i-Sharif, Herat, Gulbahar, Faizabad e Jalalabad, além de um serviço de atenção domiciliar que oferece apoio médico, econômico e social aos pacientes com lesões na coluna vertebral e suas famílias. Em julho, o pessoal da área de colocação de próteses e reabilitação:
  • cadastrou 598 novos pacientes, dos quais 109 eram amputados;
  • atendeu um total de 6.578 pacientes em seis centros do CICV em todo o país;
  • confeccionou 1.183 próteses e órteses;
  • realizou tratamento fisioterapêutico em 15.757 pacientes;
  • concedeu microcréditos a 46 pacientes para poderem começar seus pequenos negócios;
  • facilitou o atual treinamento vocacional de 257 pacientes, dos quais 64 já completaram o treinamento;
  • fez 574 visitar domiciliares dentro do programa de atenção domiciliar, o qual assiste 1.294 pacientes com lesões na coluna vertebral e deu treinamento a suas famílias.

Água e habitat

Os engenheiros hídricos trabalham em parceria com as autoridades locais em diversos programas, tanto urbanos como rurais. Além disso, o CICV realizou sessões de promoção da higiene nos madraçais e centros de detenção e com as famílias em suas casas. Em julho, o pessoal do CICV:
  • continuou dois projetos de fornecimento de água para 14.100 pessoas em Herat e Laghman;
  • realizou sessões sobre higiene para detidos e guardas em centros de detenções em Cabul, Herat, Farah, Jalalabad, Kandahar e Mazar;
  • completou as melhorias no fornecimento de água e saneamento em dois principais presídios da província, beneficiando um total de 1.284;
  • completou quatro projetos de fornecimento de água para o campo e continuou trabalhando em outros oito projetos que levaram água limpa para 41.300 pessoas nas províncias de Cabul, Bamyan, Herat, Jalalabad, Baghlan e Mazar;
  • prosseguiu com as melhorias no Hospital Mirwais em Kandahar.

Assistência

O CICV prestou assistência a famílias deslocadas ou de outra maneira afetadas por conflitos ou desastres naturais. Em julho, o CICV:
  • distribuiu 941 kits alimentares (116 toneladas), contendo arroz, feijão, ghee, açúcar, sal e chá, e 502 kits de utensílios domésticos compostos de cobertores, lonas e artigos de higiene pessoal para 941 famílias afetadas pelo conflito em sete províncias no sul e no centro do Afeganistão;
  • distribuiu 640 kits alimentares (79 toneladas) e 537 outros kits para 1.199 famílias afetadas pela enchente nas províncias de Balkh, Khost e Badghis.

Cooperação com o Crescente Vermelho Afegão

O CICV prestou assistência técnica e financeira para o Crescente Vermelho para ajudar a prestar serviços à comunidade e para implementar uma variedade de programas. Em julho, isso incluiu:
  • apoio a sessões de treinamento organizadas por cinco oficiais de terreno da área de rastreamento e difusão do Crescente Vermelho afegão que trabalham em Kandahar, Herat, Mazar, Jalalabad e Cabul;
  • Forneceu 3.200 kits de primeiros socorros para os voluntários do Crescente Vermelho baseados em comunidades que trabalhando em 22 províncias e realizou seis sessões de treinamento para 120 novos voluntários.
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"Deixe suas roupas de segunda mão ajudar ao terceiro mundo."

Está em suas mãos

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Número de crianças socorridas pela cruz vermelha este ano.
Número de crianças não socorridas pela cruz vermelha este ano.
Está em suas mãos.

Cruz Vermelha de Portugal

Quando uma pessoa doa seus olhos, duas pessoas podem ver



Campanha da Eyebank Coordination & Research Centre

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Fora da Zona de Conforto! [19/08/09]

ONU celebra 1º Dia Humanitário Mundial
Segundo os dados da ONU, no ano passado, 260 trabalhadores humanitários foram vítimas de incidentes, que causaram a morte ou ferimentos, ou durante os quais foram sequestrados, entre eles funcionários de ONGs, da ONU ou da Cruz Vermelha.

ONU denuncia que falta dinheiro no Zimbábue para ajuda humanitária
Durante a epidemia de cólera do ano passado no Zimbábue cerca de 100 mil pessoas foram infectadas, das quais mais de 4.200 morreram devido, principalmente, ao fechamento da maioria dos hospitais públicos por falta de provisões e financiamento para sua manutenção.

ONU critica indicadores sociais de indígenas brasileiros
Anaya ressaltou que, apesar de as reservas indígenas já estarem delimitadas e devidamente cadastradas, os direitos desses povos sobre os recursos naturais nelas "são frequentemente ameaçados por invasões e ocupações indevidas".

Parlamento aprova estado de emergência na Somália

O Parlamento somali aprovou, por 421 votos contra 23, o estado de emergência no país durante três meses, declarado há dois meses pelo Governo.

ONU homenageia coragem de trabalhadores humanitários
"Estão no passado aqueles tempos em que dirigir um jipe com um símbolo humanitário era uma garantia de segurança. Atualmente, a ajuda se transformou em alvo", lamentou Jonathan Mitchell, diretor de respostas de emergência da ONG Care International.


Bolsa Família chegará a 12 milhões de lares

O número de lares brasileiros beneficiados com o Bolsa Família chegará no final do mês a 12 milhões, e com isso a ajuda somará cerca de US$ 1 bilhão, segundo informações do Ministério de Desenvolvimento Social.


A Índia enfrenta uma seca histórica

No distrito de Bundelkhand, um dos mais pobres do país, situado em Uttar Pradesh, famílias inteiras de camponeses começaram a deixar suas terras com destino a Nova Déli. Com canais quase secos, os agricultores recorrem em massa às águas dos lençóis freáticos. Mas o uso das bombas de água, reservado aos mais ricos, se revela caro demais em alguns casos, a venda de magras colheitas não permite cobrir os gastos com querosene ou diesel.


Pobreza, corrupção e pólvora dominam cenário no Afeganistão
Mortalidade infantil: 151 mortes por 1000 nascimentos (3º maior do mundo)
Alfabetização: homens, 43%; mulheres, 12%
Taxa de desemprego: 40%
Expectativa de vida ao nascer: 44,5 anos
População: 33 milhões


Grito dos Excluídos 2009: a mudança no país deve vir da população

"A força da transformação está na organização popular". É com este lema que milhares de pessoas em todo o território brasileiro irão às ruas, no próximo dia 7 de setembro, para gritar por um mundo melhor e mais igualitário. O Grito dos Excluídos, que acontece todos os anos desde 1995, tornou-se o símbolo da luta dos povos contra o sistema capitalista e as formas de exclusão e exploração social.


Como conseguir uma inspiração global

São apenas 4 minutos de vídeo e vale a pena assistir este documentário bem trabalhado. Antes de executar o filme selecione a legenda na caixa Choose a Language...


Global Oneness Project - Projeto União Global

O permanente holocausto negro.



Ricardo Gondim

A formação cultural brasileira tem graves deformações. Desde seus primórdios matriciais, tantos índios como negros pagaram o mais caro preço para que nascesse esta nação que fala português, come farinha de mandioca e tem compulsão por tomar banho.

Leio Darcy Ribeiro e quedo-me espantado pelas injustiças toleradas contra Tamoios, Tupinambás, Tupiniquins, Tabajaras e tantas outras etnias que sofreram horrores em nome da “civilização”. Pergunto-me porque a religião não percebia tantas injustiças praticadas em nome do progresso. Por que não houve mais profetas defendendo a justiça com o dedo em riste?

Os negros arcaram com um ônus incalculável. Em “O Povo Brasileiro” – A Formação e o sentido do Brasil” (Cia das Letras) – Darcy Ribeiro descreve os horrores sofridos pelos negros. Que foram esses negros? Nina Rodrigues ressalta que os escravos brasileiros vinham de três grandes grupos: Os da cultura sudanesa, principalmente os Yorubas ou Nagôs; os Peuhuls, vindos do norte da Nigéria, também chamados de Malé; e os negros do grupo congo-angolês, principalmente os Bantus, seqüestrados da região onde hoje fica Angola.

Minha leitura de Darcy Ribeiro não serve para suscitar ódios ou ressentimentos históricos. Percebo, porém, que séculos depois, seus descendentes ainda vivem, em larga escala, sub-empregados, amontoados em favelas; continuam a contemplar seus filhos morrendo prematuramente.

No Brasil, as elites insistem na defesa de seus bens. Para elas, o capital vale infinitamente mais que a vida da patuléia. Gente pode ser gasta, contanto que se preservem as “conquistas” patrimoniais. Somos um povo que nasceu insensível aos horrores da escravidão; e fomos um dos últimos a erradicá-la do globo. Nos dias atuais, quem defende o pobre, partilha da mesma sorte dos abolicionistas; sofre um ostracismo semelhante ao de Castro Alves com seu “O navio negreiro”. Ele era considerado um desestabilizador da economia. O Brasil não podia sair abruptamente dos horrores do sistema que considerava seres humanos meras bestas, e por incrível que pareça, séculos depois, ainda não pode.

O relato de Darcy Ribeiro é preciso e chocante:

“ Conscritos nos guetos de escravidão é que os negros brasileiros participam e fazem o Brasil participar da civilização de seu tempo. Não nas formas que a chamada civilização ocidental assume nos núcleos cêntricos, mas como as deformações de uma cultura espúria, que servia a uma sociedade subalterna. Por mais que se forçasse um modelo ideal de europeidade, jamais se alcançou, nem mesmo se aproximou dele, porque pela natureza das coisas, ele é inaplicável para feitorias ultramarinas destinadas a produzir gêneros exóticos de exportação e de valores pecuniários aqui auridos....

A empresa escravista, fundada na apropriação de seres humanos através da violência mais crua e da coerção permanente, exercida através dos castigos mais atrozes, atua como uma mó desumanizadora e deculturadora de eficácia incomparável. Submetido a essa compreensão, qualquer povo é desapropriado de si, deixando de ser ele próprio, primeiro, para ser ninguém ao ver-se reduzido a uma condição de bem semovente, como um animal de carga; depois, para ser outro, quando transfigurado etnicamente na linha consentida pelo senhor, que é a mais compatível com a preservação do seus interesses.

O espantoso é que os índios como os pretos, postos nesse engenho deculturativo, consigam permanecer humanos. Só o conseguem, porém, mediante um esforço inaudito de auto-reconstrução no fluxo do seu processo de desfazimento. Não têm outra saída, entretanto, uma vez que da condição de escravo só se sai pela porta da morte ou da fuga. Portas estreitas, pelas quais, entretanto, muitos índios e muitos negros saíram; seja pela fuga voluntarista do suicídio, que era muito freqüente, ou da fuga, mais freqüente ainda, que era tão temerária porque quase sempre resultava mortal. Todo negro alentava no peito uma ilusão de fuga, era suficientemente audaz para, tendo uma oportunidade, fugir, sendo por isso supervigiado durante seus sete a dez anos de vida ativa no trabalho. Seu destino era morrer de estafa, que era sua morte natural. Uma vez desgastado, podia ser até alforriado por imprestável, para que o senhor não tivesse que alimentar um negro inútil.

Uma morte prematura numa tentativa de fuga era melhor, quem sabe, que a vida do escravo trazido de tão longe para cair no inferno da existência mais penosa. Sentido que é violentado, sabendo que é explorado, ele resiste como lhe é possível. ‘Deixam de trabalhar bem se não forem convenientemente espancados’, diz um observador alemão, ‘e se desprezássemos a primeira iniqüidade a que os sujeitou, isto é, sua introdução e submissão forçada, devíamos de considerar em grande parte os castigos que lhes impõem os seus senhores’. Aí está a racionalidade do escravismo, tão oposta à condição humana que uma vez instituído só se mantém através de uma vigilância perpétua e da vigilância atroz da punição preventiva.

Apresado aos quinze anos em sua terra, como se fosse uma caça apanhada numa armadilha, ele era arrastado pelo pombeiro – mercador africano de escravos – para a praia, onde seria resgatado em troca de tabaco, aguardente, bugigangas. Dali partiam em comboios, pescoço atado a pescoço com outros negros, numa corda puxada até o porto e o tumbeiro. Metido no navio, era deitado no meio de cem outros para ocupar, por meios e meio o exíguo espaço do seu tamanho, mal comendo, mal cagando ali mesmo, no meio da fedentina mais hedionda. Escapando vivo à travessia, caía no outro mercado, do lado de cá, onde era examinado como um cavalo magro. Avaliado pelos dentes, pela grossura dos tornozelos e dos punhos, era arrematado. Outro comboio, agora de correntes, o levava à terra adentro, ao senhor das minas ou dos açúcares, para viver o destino que lhe havia prescrito a civilização: trabalhar dezoito horas por dia, todos os dias do ano. No domingo, podia cultivar uma rocinha, devorar faminto a parca e porca ração de bicho com que restaurava sua capacidade de trabalhar no dia seguinte até a exaustão.

Sem amor de ninguém, sem família, sem sexo que não fosse a masturbação, sem nenhuma identificação possível com ninguém – seu capataz podia ser um negro, seus companheiros de infortúnio – inimigos –, maltrapilho e sujo, feio e fedido, perebento e enfermo, sem qualquer gozo ou orgulho do corpo, vivia a sua rotina. Esta era sofrer todo dia o castigo diário das chicotadas soltas, para trabalhar atento e tenso. Semanalmente vinha um castigo preventivo, pedagógico, para não pensar em fuga, e, quando chamava atenção, recaía sobre ele um castigo exemplar; na forma de mutilação de dedos, do furo de seios, de queimaduras com tição, de ter todos os dentes quebrados criteriosamente, ou dos açoites no pelourinho, sub trezentas chicotadas de uma vez, para matar, ou cinqüenta chicotadas diárias, para sobreviver. Se fugia e era apanhado, podia ser marcado com ferro em brasa, tendo um tendão cortado, viver peado com uma bola de ferro, ser queimado vivo, em dias de agonia, na boca da fornalha ou, de uma vez só, jogado nela para arder como um graveto oleoso.

Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos, sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria.

A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. Ele é que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar, e machucar os pobres que lhes caem às mãos. Ela, porém, provocando crescente indignação nos dará forças, amanhã, para conter os possessos e criar aqui uma sociedade solidária”.

Você e eu somos algozes e vítimas. Que Deus tenha misericórdia de nós e que possamos, a partir de nossos escombros históricos, construir um Brasil mais justo para com o negro e com todos seus descendentes.

Soli Deo Gloria.

Despejadas de suas casas




Na noite de 2 de maio, Maria de Lourdes Oliveira Silva, de 56 anos, foi vítima de um incêndio causado por um curto-circuito no alojamento onde morava na comunidade de Paraisópolis, na zonal sul de São Paulo.

Maria de Lourdes vivia em Paraisópolis há 20 anos e, há quase três, estava com a família no alojamento da Prefeitura, depois de ter sido despejada de sua casa.O drama da família de Maria é compartilhado por várias outras famílias, que viviam em uma área considerada “de risco” em função de obras de “revitalização” e, por isso, foram despejadas de suas casas.

Antes de se afastar, coloque-se no meu lugar


Para aumentar a sensibilização para os moradores de rua da Weingart Center, a agência David & Golias de Los Angeles fizeram as pessoas imaginarem como vivem os próprios desabrigados, nem que seja apenas por um momento. Eles fotografaram uma dúzia de 70,000 pessoas que vivem nas ruas de Los Angeles.





via: osocio.org

Pulmões

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O câncer da tireóide está crescendo 5 vezes mais rápido do que o câncer de testículo. Pessa ao seu médico para verificar o seu pescoço. Ele poderá salvar sua vida.

www.checkyourneck.com

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Animais de moeda para a WWF



Animais de moeda para a WWF

A DM9DDB transformou moedas de R$ 0,5; R$ 0,25; R$ 0,50 e R$ 1 em tucanos, tartarugas e veados em uma nova campanha para o WWF-Brasil. A mecânica é bem simples: grandes painéis magnéticos trazem marcações onde as moedas devem ser colocadas. Na medida em que o quadro se completa, o conjunto de moedas forma os animais em extinção que, ao final, acumulam valores de variam de R$ 270 a R$ 490.

Os pôsteres, parte de uma campanha para estimular doações para a luta em prol do Planeta, estão em grandes empresas de São Paulo como Moviecom Boa Vista, Shopping Penha, Academia Pelé Club, Terra e Cine TAM no Shopping Morumbi.

O filme de demonstração da campanha traz trilha da S de Samba.

Fora da Zona de Conforto! [18/08/09]

Violação masculina é a nova atrocidade na República Democrática do Congo
Agentes humanitários têm dificuldades em explicar a explosão nos casos.
ONU já considera o Congo Oriental a capital mundial do estupro.



Inundações deixam 27 mortos e 80 mil desabrigados no Paquistão

A ONU já enviou uma equipe de urgência às regiões afetadas, onde os alimentos estocados pelos habitantes acabaram se estragando em virtude das inundações.
"A destruição destas reservas pode criar um período de insegurança alimentar", disse Byrs.

ONU pede doação de US$ 181 milhões para refugiados palestinos
A agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) fez um apelo urgente para que a comunidade internacional doe US$ 181 milhões para aliviar parte das "intoleráveis condições" de vida dos cerca de um milhão de refugiados palestinos que vivem na faixa de Gaza. Dos bilhões de dólares prometidos para a reconstrução, nem a centésima parte chegou a Gaza.

Iêmen: CICV(Cruz Vermelha) preocupado com a situação humanitária
Como resultado do combate, milhares de pessoas fugiram de suas casas para se refugiarem temporariamente nas províncias de Saada e Amran. O CICV está preocupado com a segurança dos deslocados internos, em particular os que se abrigam nos campos de Saada localizados próximo ao combate.

Em inauguração do PAC, Lula defende mais preocupação com pobres
"Não estamos fazendo nada demais a não ser dar ao povo pobre deste país o que ele merece", disse Lula nesta terça-feira, em discurso de entrega de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas comunidades Pavão-Pavãozinho e Cantagalo.

Chuvas causam inundação em campos de refugiados do Sri Lanka
A ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou que aproximadamente 1.925 abrigos com 10 mil pessoas foram prejudicadas ou destruídas por chuvas esporádicas que começaram em 14 de agosto, antes da temporada de chuvas de monções na região prevista para setembro e que pode durar três meses.

Relatório da ONU pede fortalecimento da democracia no Nepal
Documento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento diz que o país atravessa uma tranformação entre os conflitos e paz, o autoritarismo e a democracia; apesar dos avanços do governo nepalês, ainda permanecem as desigualdades entre regiões e grupos étnicos.

Anistia denuncia violações aos direitos humanos em Honduras
A Anistia Internacional (AI) denunciou hoje um aumento das violações aos direitos humanos em Honduras, onde manifestantes que se opõem ao Governo instaurado após o golpe de Estado de junho são vítimas de detenções arbitrárias e maus-tratos.

A brisa do Amargoso



Ricardo Gondim.

José Cícero despertou subitamente. Sentiu falta do canto do galo que rompia o silêncio um tiquinho antes do amanhecer. “Que diabo, comemos o galo", pensou sem pensar. Virou-se na rede e viu os ossos triturados que se espalhavam pelo chão e ainda mexeu o queixo para lembrar a dor de mastigar aquela carne dura com os últimos cinco dentes que lhe restavam na boca. “Arre”, pensou e falou sua interjeição incompleta. Ainda quis acordar a mulher que roncava com a boca meio aberta, mas desistiu, ela não se bulia; parecia num coma, de tão apagada.

José Cícero ainda tentou levantar-se da rede, mas sua alma pesava mais que o corpo esquálido e assim permaneceu, olhando para o teto. Lentamente, pingos de luz brotaram pela palha esgarçada. Há muitos anos José Cícero não via aquela invasão lenta do dia; a última vez que contemplara a visita do sol por entre a carnaúba que protegia sua casa estava com febre e nem gostou do que viu. “Arre”, repetiu mais uma vez, sem emoção.

Há dois anos não chovia no Amargoso e José Cícero não queria ver mais uma manhã sem nuvens; na verdade, ele estava prestes a desistir da vida. Seu único desejo era continuar ali, deitado como um rei em berço esplêndido ou, quem sabe, como um náufrago que já não espera por salvamento. “Arre égua, que vida, essa minha”, completou a frase.

José Cícero nascera ali bem perto, no casebre que ladeia o charco onde cresce a cana. Dizem que no dia em que veio ao mundo, uma coruja deu um rasante com aquele vôo sinistro que soa como se rasgasse mortalha. Naquela manhã até pensou em sua sina de sofrer, mas aquietou o coração quando lembrou que o Tonho, a Zilda, o Bastião e todos os amigos de infância sofreram igualzinho - todos, desdentados.

Sem ânimo e sem força, empunhou a borda da rede e conseguiu se erguer. Os meninos dormiam, respirando no mesmo ritmo que Chica, a mulher que lhe parira os quatro meninos morredores - dos sete, só três vingaram. Enterrou Mundinho, o primogênito, quatro dias depois que nasceu; em sua vida curta, Mundinho só chorou.

Em pé, José Cícero abriu a janela que rangeu como um lamento e espiou as cruzes das quatro covas. Lembrou-se qual era a do Mundinho, a única que lhe provocou alguma lágrima. Quando enterrou Zé Carlos, Carminha e Cícero Junior sentiu igualzinho como se abrisse buraco para as sementes de feijão no mês de dezembro, pouco antes da chuva – que nunca vinha; nesses outros enterros, não mexeu nenhum músculo do rosto.

Parado, José Cícero parecia querer recobrar as forças do tempo em que serviu o Tiro de Guerra e ouviu do sargento que era cabra macho, bom de briga. Mas ainda não completara 37 anos e já se sentia um velho, carcomido pelas estiagens, pela gordura de porco que colocava no feijão ralo e pela água imprestável que deu a diarréia que matou os meninos. Imóvel, viu o sol arder e brilhar com uma força descomunal cobrindo o mato de um cinza mortiço.

Chica balbuciou alguma coisa, mas José Cícero não reagiu; absorto, tentava adivinhar onde enterrara os meninos. Contou da direita para a esquerda, quase soletrando o nome dos filhos, mas as cruzes não lhe falavam coisa alguma. Alguns passarinhos o despertaram daquele torpor e ele se voltou para o barulho que a mulher fizera. Não era nada, Chica ainda dormia.

José Cícero se inquietou, Chica nunca dormira até tão tarde. Chegou a pensar que a mulher fingisse para não ter que ir buscar água no barranco, mas se corrigiu: “Não, Chica nunca perdeu a coragem, isso ela tem de sobra”. Mas e os meninos, por que não acordavam? Temeu perder a família toda. “Se a coruja voar de novo rasgando mortalha, morre todo mundo”, pensou.

Já passava das sete, quando ouviu:

-O que tu tá fazendo, aí parado?. Era o jeito rude de desejar um bom-dia de dentro da rede.

– Sei lá, mulher, tô só, cá comigo, pensando na vida.

– E pensar na vida resolve nada?

– A gente tem que buscar água, porque a do pote secou ontem de noitinha. Avexe porque tô pedindo penico, mulher. Não agüento mais essa vida. Hoje não vou buscar água, não.

– Homem, deixe de coisa. E os menino? Se lembre que a gente ainda tem três pra dar de comer e de beber e não tem nada em casa.

– Pois é neles mesmo que estou pensando. Pra que viver do jeito que a gente vive, Chica? Minha vida foi só sofrimento e a deles também vai ser. Feliz foi o Mundinho que não teve que passar pelo que a gente passa e já é anjinho. Esses três vão virar gente grande e o que vai ser deles?Teve um pastor que passou por aqui me dizendo que se gente grande não se arrepender vai pro inferno. Então mulher, não é melhor morrer logo?

– Ciço, pára de besteira, você tá ficando doido. Não blasfema de Deus, teu padim, o Padre Cícero, vai pedir por nós.

Naquele exato momento, José Cícero se lembrou da romaria que fez até o túmulo do seu padim em Juazeiro. Voltou-se para o armador da rede e o chapéu de palha continuava pendurado para dar sorte; o mesmo que o padre benzeu prometendo que ia trazer fartura no próximo inverno - já fazia dois anos que não pingava quase nada. José Cícero perdera toda a plantação nos dois anos e não se conformava que, por mais que olhasse para o horizonte, as nuvens não empreteciam.

– Sabe, Chica? Eu acho que Deus não liga pra gente. Ele prefere os filhos do doutor Virgílio. Eu me lembro do dia em que o Tiago teve febre e o doutor me pediu para ir buscar o médico da cidade. Bastou o menino tomar a injeção e já tava bonzinho. A gente enterramos quatro filhos no chão seco, sem direito a caixão. Eu me lembro da hora que jogava terra na cara do Mundinho. Eu dizia: "Não é direito não ter nem uma caixa de sapato para proteger o filho dessa terra seca; nós nem pode enterrar com a rede porque tem que guardar a rede pros outro.

–Ciço, por favor, não fala desse modo. Eu te peço pela hóstia consagrada, não blasfema de Deus.

– Nesse mundão, cada um tem que se proteger como pode. Eu tentei, mas num tenho mais força, mulher. Comemos o galo e hoje não tem nada pra por no fogo. Como é que vou caçar? Vendi a espingarda que era do pai. E não tem mais nem tatu para matar, mulher. A seca tá muito braba.

– Pois eu vou aderir à lei dos crentes. Vou no culto deles pedir com muita fé pra Deus mandar chuva.

Chica se levantou, foi até o quintal, urinou, ajeitou a lata vazia na cabeça e seguiu para o barranco, antes que acabasse a água do dia.

Logo que chegou no buraco lamacento notou o pequeno filete d’água, mas só se alegrou de verdade quando notou a irmã Salete - a crente mais conhecida da redondeza.

– Bom dia.

–Bom dia, respondeu a irmã Salete, baixinho.

– Irmã, vim pedir pro modo de você pedir pra Deus pra ele mandar chuva.

Salete continuou calada. Chica precisou mirar os olhos da irmã para entender o que acontecia. Salete chorava com duas tiras de lágrimas correndo pelos sulcos cavados pelas rugas. Arquejada e abatida, tentava separar o barro com os dedos para que a água não se tingisse de branco. Chica perguntou o que estava acontecendo.

– Precisei vir mais tarde buscar água porque acabamos de enterrar os nossos dois filhos, a Miriam e o Pedro; morreram de diarréia.

Fez-se um silêncio constrangedor; não se ouviu mais nada a não ser um leve sicio do vento abrasador.

Soli Deo Gloria.


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