sábado, 19 de junho de 2010

Cruz Vermelha pede corredor humanitário no Quirguistão

No aquário, um lindo passeio de cruzeiro:



Distante desta realidade, humanos lutam por dignidade para seus filhos:




MSF começa a atender vítimas dos conflitos no Quirguistão
Publicada em 16/06/2010 00:00

Profissionais estão a caminho das áreas mais afetadas para oferecer apoio médico e psicológico aos refugiados

Os violentos conflitos que mergulharam o sul do Quirguistão no caos desde o dia 10 de junho geraram uma grave crise humanitária, deixando milhares de pessoas feridas e provocando grandes deslocamentos de populações. De acordo com registros oficiais, ao menos 170 pessoas foram mortas e 1,7 mil feridas nos últimos cinco dias. Equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão chegando ao terreno em ambos os lados da fronteira entre o Quirguistão e o Uzbequistão para levar assistência emergencial aos mais necessitados.

No Quirguistão, o estoque emergencial de MSF na cidade de Osh já foi enviado para hospitais locais. Mais materiais médicos, remédios, kits de cozinha, coberturas plásticas para abrigo, containers de água e kits de higiene estarão a caminho do sul do país na quinta, dia 16 de junho. Ao mesmo tempo, a equipe médica de MSF deve chegar em breve à cidade de Osh para de lá chegar a Jalalabad, a outra principal cidade onde graves episódios de violências foram registrados. Os profissionais de MSF vão visitar estruturas de saúde e lugares onde as pessoas têm buscado refúgio, perto da fronteira do Uzbequistão, e vão começar a oferecer assistência para as vítimas e para os desabrigados.

“Além das muitas vítimas hospitalizadas que talvez necessitem de atenção médica, uma das nossas maiores preocupações é com as centenas de pessoas feridas e que não têm acesso aos cuidados médicos. Algumas delas estão com medo de ir até as estruturas de saúde ou de sair de onde estão, outras fugiram para longe de qualquer estrutura médica próxima da área de fronteira. Nós também estamos preocupados com a falta de acesso à água potável – os sistemas de água foram danificados por alguns dias em Jalalabad, e há falta de comida e itens básicos, uma vez que centenas de casas foram destruídas ou queimadas durante esses acontecimentos violentos”, diz Alexandre Baillat, chefe de missão de MSF no Quirguistão.

Milhares daqueles que fugiram da violência procuraram refúgios através da fronteira com o Uzbequistão. Cerca de 45 mil pessoas foram registradas oficialmente como refugiados em Andijan, uma província localizada na fronteira, no lado uzbequistanês. As autoridades do Uzbequistão começaram a erguer campos e hospitais locais estão tratando os feridos que vieram do Quirguistão.

Uma primeira equipe médica de MSF chegou a Andijan ontem para avaliar a situação e para apoiar os esforços das autoridades locais em atender ao grande fluxo de refugiados. “As primeiras prioridades são cuidados médicos, suprimentos, comida e tendas para abrigo temporário”, diz Andreas Bruender, chefe de missão de MSF em Tashkent. “Nos próximos dias, nós vamos enviar mais profissionais para as áreas afetadas para dar suporte à população, incluindo apoio médico e psicológico adicional para refugiados traumatizados. Nós estamos trabalhando em parceria com as autoridades e outros atores em ambos os lados da fronteira para determinar como responder as necessidades de forma mais efetiva.”

MSF conduz um programa de tuberculose no sistema penitenciário do Quirguistão desde 2006.Em Karakalpakstan, um república autônoma dentro do Uzbequistão, MSF está tratando pacientes com formas de tuberculose resistente aos medicamentos em Nukus e Chimbay e recentemente expandiu atividades nos distritos de Karaziak e Tahtakupir. MSF trabalha no Uzbequistão desde 1997.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Visitas ao inferno

Ricardo Gondim

Já visitei o inferno. Estive lá em vida. Já entrei em suas câmaras horrendas diversas vezes. Em todas, padeci muito. Nada sei sobre o "Hades" mencionado pelos religiosos. Aquele que jaz embaixo da terra e começa depois da morte não me interessa. O inferno que já conheci e que me machuca fica aqui mesmo, na terra dos viventes.

Já estive no inferno do engano. Há algum tempo, visitei um parque suíço, em Zurique, para onde convergiam os toxicômanos da cidade. Subi o viaduto que atravessa o parque e do alto contemplei um cenário surreal e dantesco. Lama, lixo e fezes, atolavam rapazes e moças naquele submundo. Ali não existiam humanos, apenas carcaças ambulantes. Naquela mesma noite, no avião, desejei dormir profundamente só para fugir do que testemunhara. Eu preferia qualquer pesadelo a ter que conviver com aquele cenário, tão real. Perguntei-me diversas vezes quem eram aqueles jovens. E porque se revoltavam contra o sistema. Se tentavam ser livres, criaram uma masmorra. Acabaram construindo o inferno com as próprias mãos.

Daquele dia, despertei: o Lago de Enxofre permeia o mundo em que existo. Cada um daqueles jovens tinha um pai. Um pai que pranteia porque não sabe como apagar as labaredas medonhas do lago de enxofre.

Já estive no inferno da culpa. Hoje sei que nenhum tormento provoca maior dor que a culpa. Qualquer mulher culpada sabe o tamanho de sua opressão. Qualquer homem culpado fala que os ossos derretem com uma consciência pesada. Culpa é ácido. A culpa avisa que o passado não pode ser revisitado. Assim as pessoas se submetem a carrascos internos e esperam redenção através de açoites. A dor da culpa lateja como um nervo exposto.

Os culpados procuram dissimular o sofrimento com ativismos, divertimentos e até promiscuidade. Mas a culpa não cede; persegue, persegue, até aniquilar iniciativa, criatividade e esperança. Recordo quando, no final de uma reunião, uma mulher me procurou pedindo ajuda. Seu marido se suicidara de forma violenta. Depois de enroscar uma tira de couro no pescoço, deu partida em um motor, que não só o estrangulou como lhe decepou a cabeça. Mas antes, ele procurou vingar-se. Deixou uma nota responsabilizando a mulher pelo gesto trágico. Diante da tragédia, aquela pobre mulher, desorientada e aflita, não sabia como sair do cárcere que o marido meticulosamente construíra.

Já estive no inferno da maldade. Conheci homens nefastos. Sentei-me na roda de ímpios. Frequentei sessões onde o martelo inclemente da religião espicaçou inocentes. Vi sacerdotes alçando o vôo dos abutres. Semelhante às tragédias shakespeareanas, eu próprio senti o punhal da traição rasgar as minhas vísceras. Fui golpeado por suspeitas e boatos. Com o nome jogado em pocilgas, minha vida foi chafurdada como lavagem de porco. Senti o ardor do inferno quando tomei conhecimento da trama que visava implodir o trabalho que consumiu meus melhores anos. E eu não sabia como reagir.

Portanto, quando me perguntam se acredito no inferno, respondo que não, não acredito. Eu o conheço! Sei que existe. Eu o vejo ao meu redor. Inferno é a sorte de crianças que vivem nos lixões brasileiros. Inferno é o corredor do hospital público na periferia do Rio de Janeiro. Inferno é o campo de exilados em Darfur. Inferno é a vida de meninas que os pais venderam para a prostituição. Inferno é o asilo nos Estados Unidos, que não passa de um depósito onde os velhos esperam a morte.

Um dia, aceitei a vocação de lutar contra esses infernos que me rodeiam, assustam e afrontam. Ensinei e continuo a ensinar que Deus interpela homens e mulheres para que lutem contra suas labaredas. E passados tantos anos, a minha resposta continua a mesma: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.

Acordo todos os dias pensando em acabar com os infernos. Gasto a minha vida para devolver esperança aos culpados; oferecer o ombro aos que tentam se reconstruir; usar o dom da oratória para que os discriminados se considerem dignos. Luto para transformar a minha escrita em semente que germina bondade em pessoas gripadas de ódio. Dedico-me ao estudo porque quero invocar o testemunho da história e mostrar aos mansos que só eles herdarão a terra onde paz e justiça se beijarão.

Soli Deo Gloria

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dos quais o mundo não era digno

16 de Junho de 1976 - Hector Pieterson

Pontos de uma rede


Se algo lhe está sobrando, compartilhe-o. Se está faltando, espero que o seu compartilhar, tenham feito discípulos, para assim ser ajudado.



O Reino de Deus


Hoje, Edu e Ione (missionários da Betesda), estiveram num hospital mais afastado da cidade de Nampula - Moçambique, para os seus trabalhos normais e depararam com um bebezinho de 1 ano e 10 meses (foto), bem raquitico...está desnutrido e os médicos ja determinaram a morte dele em questao de horas... mas contrariando os diagnosticos ...ele tem sobrevivido...

"sentí que ele luta pela vida... e cada dia é uma vitória e as esperanças que se renovam..." Ione

Quem tranca a casa protege a família; quem promove igualdade, justiça e solidariedade protege o mundo.

Ricardo Gondim
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