terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os enfermos são amados

Um texto bastante intrigante na Bíblia é o de Tiago 5:13-16.

Diz o seguinte, conforme a NVI

Entre vocês há alguém que está sofrendo? Que ele ore. Há alguém que se sente feliz? Que ele cante louvores.

Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor.

A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz”.

A este texto normalmente se atribui a maneira como o crente é curado, porém como muitas vezes não se alcança o resultado, adota-se como uma possibilidade. Isto porque a palavra fé concede ao intérprete a possibilidade da oração não ter alcançado seu objetivo por falta da mesma. Como fé não é algo capaz de ser medido, fica o critério ao “Deus dará”, salvando a pele do que ora.

Como não acredito que os textos bíblicos devam ser lidos como receitas de sucesso, penso que devemos adequar o mesmo ao tempo em que foi escrito.

A medicina como conhecemos é recente, fruto da modernidade.

Antes estava estritamente ligada à religião, cheia de misticismos e muito interpretada pelo viés do divino. O desconhecido que ameaçava a vida só poderia ter sua origem numa causa divina do bem ou do mal. Por isso cada grupo religioso diante de um quadro de enfermidade chamava seus curandeiros para realizarem seus trabalhos. Prescrevia-se algum medicamento como chás, emplastos, banhos ou técnicas conhecidas e junto realizavam-se rituais religiosos, como orações, unções, sacrifícios etc...

O cristianismo tinha diante de si o desafio de desvincular-se da Lei, ou do judaísmo, cujo responsável pelas curas eram os sacerdotes. Jesus por diversas vezes foi indagado sobre a possibilidade de realizar curas sem ter sido investido da autoridade sacerdotal.

Um enfermo deveria se apresentar ao sacerdote para receber as instruções de como proceder com aquela enfermidade.

Assim, Tiago o líder da recente igreja, determina que os crentes não se vinculem mais ao sacerdócio judaico. Existe uma nova comunidade, com outros critérios. Uma comunidade que crê, mas age.

Antes somente o sacerdote podia ungir. Símbolo de autoridade e de saúde. Mas agora, na igreja também existem pessoas, que mesmo desprovidas de qualquer linhagem sacerdotal podem falar com Deus. Agora a comunidade é terapêutica, não se encontra no poder sacerdotal, mas na relação com Deus – pode-se livremente orar.

O óleo como ungüento servia para aliviar feridas, mas como unção era para declarar que uma pessoa estava investida de algo especial da parte de Deus.

Portanto, se a enfermidade não fosse purulenta, para quê o óleo?

Para que ficasse claro, que com Jesus não existem pessoas mais especiais do que outras diante de Deus. O desprezado é querido. Deus ama o enfermo. Enfermidade não é castigo.

Assim como um rei pode ser ungido para uma missão especial, qualquer pessoa, mesmo enferma ou doente terminal, também tem sobre si a benção de Deus. Ela não é lançada fora do arraial para sofrer seus dias em abandono.

Podemos ler o texto desconsiderando uma época em que não havia recursos na medicina, e tentar encaixar a figura do presbítero-curandeiro hoje. Ou podemos compreender que há a busca por um rompimento com o judaísmo e o estabelecimento de uma comunidade sem diferenças étnicas, raciais, culturais, sociais e de gênero. Todos são amados por Deus. Todos podem e devem agir em prol do outro.

Esta nova comunidade não deve medir esforços para que cada pessoa e principalmente os desprezados tenham certeza do amor.

Há alguém que está sofrendo? Que ele ore.

Entre vocês há alguém que está doente?

Cuidem dele. Amem-no. Que ele se veja perdoado, sem maldição, mas abençoado – ungido – por Deus. Porque este é o tipo de atitude poderosa e eficaz que deve ter justo.

Eliel Batistta no blog Partículas da Graça

Um comentário:

Alberto M. de Oliveira (Betochurch) disse...

Olá Suenio.
Adorei este post, vou pedir autorização ao Eliel e publicá-lo.
Gostei muito do seu blog também. Passei a segui-lo.
Convido vc a fazer uma visita no meu:
http://ecclesiareformanda.blogspot.com/
Um abração!
Fica com Deus.
Alberto m de Oliveira

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