sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Nosso destino

Uma das coisas mais estúpidas que já acreditei em termos de religião foi que a composição da população do céu podia ser mensurada pelo número de pessoas que dissessem sim a um apelo de conversão a Jesus Cristo feito nas bases da tradição do cristianismo protestante evangélico anglo-americano. Traduzindo: se você acredita que irão para o céu somente as pessoas que aceitam a Jesus como salvador depois de ouvir o evangelho pregado a partir da cultura anglo-americana, então você está em apuros: o seu céu é pequeno demais; o seu Deus é pequeno demais; o seu Cristo é pequeno demais; o seu evangelho é pequeno demais; o seu Espírito Santo é pequeno demais; o seu universo de comunhão é pequeno demais; seu projeto existencial é pequeno demais; sua peregrinação espiritual é pequena demais.

É urgente que se articule uma outra maneira de convocar pessoas para que se coloquem a caminho do céu. Uma convocação que considere que “nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” – palavras de Jesus. Uma convocação que re-signifique o conceito de céu, que deve deixar de ser um lugar geográfico em outro mundo para onde se vai após a morte, para significar uma dimensão de relacionamento com o Deus Eterno para a experiência contínua do processo de humanização: estar em Cristo, ser como Cristo, ser Cristo. Com isso quero dizer que o convite para aceitar Jesus como salvador como credencial para ir para o céu não é a melhor convocação. A melhor convocação é um chamado para se tornar uma outra pessoa. A peregrinação espiritual cristã não é uma migração de um lugar para outro, mas de um estado de ser para outro. Nosso destino não é o céu. Nosso destino é Cristo. E tenho certeza de que muita gente vai chegar lá mesmo sem nunca ter ouvido o plano de salvação desenvolvido pelos teólogos sistemáticos anglo-americanos.

Ed René Kivitz

6 comentários:

Eduardo Medeiros disse...

Pois é, o pior é que ainda tem crente esperando andar nas ruas de ouro, tomar um banho no rio de cristal, adentrar os muros cobertos de pedras preciosas e morar confortavelmente numa mansão com todos os equipamentos de última geração criados naquela dimensão.

abraços calorosos

Daniel Grubba disse...

desconfortante...rs

Parabéns pelo blog.

Fica o convite para visitar o blog http://dlgrubba.blogspot.com

abs,
daniel

A IGREJA PELA IGREJA disse...

O Ed tem uma forma peculiar de expôr as coisas. O Reino precisa desta mente brilhante.

Anônimo disse...

A questão não é se o evangelho é pregado no formato teológico anglo-americano, latino, grego, judeu ou egípcio.

A questão é se o evangelho é pregado de acordo com a Revelação, de acordo com as Sagradas Escrituras.

Simples assim. Por ser a Revelação eterna e imutável, a Palavra de Deus é transcultural por definição.

Kivitz não percebe isso porque seu ressentimento em relação aos teólogos anglo-americanos é mais intenso do que sua submissão ao Espírito Santo ao pensar e expor suas pobres idéias,falácias e estereótipos em textos infelizes como esse.

Edson

Daniel Marinho disse...

Excelente texto, publiquei no meu blog. Aparece lá www.jesusnamatrix.blogspot.com

ABS

Luca Martins disse...

quem disse que a "Revelação" e "as Sagradas Escrituras" é a bíblia, não entendeu nada da encarnação: Jesus, o Verbo Vivo e Ressurreto. Só a Ele adorarás e só a Ele prestarás culto.. nenhuma teologia ou nenhuma letra é maior do que Ele... Jesus mostrou que nada é mais importante do que servir e amar a humanos, sejam eles quem quer que sejam ou o que quer que façam. Enquanto crentes adoram a bíblia, esquecem da Vida!

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