domingo, 12 de fevereiro de 2012

A condenação do mundo


Pois é, como eu ia dizendo, estranho muito que sejam as mesmas pessoas, as que insistem no poder absoluto de Deus (defendem com unhas e dentes a soberania, que ninguém pode escapar aos desígnios divinos – coisas que, aliás, eu nunca poderia discordar); mas são exatamente essas pessoas, as mesmas que afirmam, que “sola Graça” (e destrincham a graça do Criador em diferentes camadas e cores – afinal a graça de Deus é mesmo multiforme); e tais pessoas estão, até mesmo, conscientes do imensurável amor de Deus; elas reconhecem o sacrifício de Jesus como um ato inegável e gigantesco de amor incondicional e absoluto divino.

Pois bem, minhas senhoras e meu senhores,  são exatamente eles (para não dizer, nós) que não hesitam, apesar disso TUDO, em condenar mundo e meio de almas ao inferno.

Estava eu, aqui, nessa Alemanha pós-cristã, secular - ou seja lá como costumamos rotular as almas que aqui perambulam pelas ruas geladas – conversando com um pastor evangelical, justamente sobre esse tema.

Ele me afirma - pelo que entende e lê - que a única coisa que pode extrair da Bíblia é que uma parcela de 2% ou 5% da população é que pode ser considerada de salvos - em seu entender salvos significa pessoas que tem um relacionamento pessoal com Jesus Cristo.

O que acontece com essa Teologia que rola nos púlpitos e nos corredores dos seminários evangelicais?

E confesso, que ao ouvir isso, fiquei bem tímido em meus argumentos. A Bíblia pode mesmo nos levar a enxergar a coisa por esse lado tão assustador.

Mas afinal quem é o nosso Deus? Ele é Ele, ou Ele é a Bíblia, e o que se entende dela?

Entre Deus e a Bíblia, temos que ficar com Deus.

Erasmo poderia sim ter respondido a Lutero: “Deixe, você, Deus ser Deus”. Pois Deus é Amor.

- Deixemos Deus ser misericórdia, ser perdão, ser ombro amigo, deixemos Ele ser Graça e Poder. Deixemos Deus ser amor. Deixemos Deus ser Deus!

Interessante é que essa temática já foi apresentada a Jesus; e foi por Ele tratada com toda sua típica clareza: “Senhor, serão poucos os salvos?”

Vivemos hoje num mundo de 7 Bilhões. Quantos estão “caminhando para eternidade sem Jesus”? Quantas almas se perderão?

Se tomarmos as estatísticas alemã, do meu amigo pastor (que já é superestimada, por ser um pais cristão), teremos algo em torno de quase 7 Bilhões de perdidos. Imaginem só isso! Onde ficariam países como China, Arábia Saudita, Índia… Meu Deus!

Daria para entender, então, que o poder da malignidade humana (para não dizer demoníaca) é extremamente superior ao da benignidade divina que, coitadinha, sai perdendo de lavada. Deus revela sua severidade com lentes telescópicas (ou microscópicas – como queiram) e sua misericórdia com lentes de diminuição.

A maldade está aí, não quero negar isso. Mas atentemos também para a bondade!

Vejamos as crianças subnutridas pelos cantos do mundo a morrer. Mas não esqueçamos de também olhar para aquelas que, a cada dia nascem, e se equilibram na corda bamba deste mundo, para tocarem teimosa e marotamente sua vida e trazer-nos o Reino um pouquinho mais perto.

Talvez Alex Carrari esteja certo e Deus tenha mudado ao longo da Bíblia e haja sim novas intenções de Deus.

Talvez esse tal de Jesus seja mesmo quem ele disse ser: O Salvador do Mundo - e especialmente daqueles que creem…

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