Pois é, como eu ia dizendo, estranho muito que sejam
as mesmas pessoas, as que insistem no poder absoluto de Deus (defendem
com unhas e dentes a soberania, que ninguém pode escapar aos desígnios
divinos – coisas que, aliás, eu nunca poderia discordar); mas são
exatamente essas pessoas, as mesmas que afirmam, que “sola Graça”
(e destrincham a graça do Criador em diferentes camadas e cores –
afinal a graça de Deus é mesmo multiforme); e tais pessoas estão, até
mesmo, conscientes do imensurável amor de Deus; elas reconhecem o
sacrifício de Jesus como um ato inegável e gigantesco de amor
incondicional e absoluto divino.
Pois bem, minhas
senhoras e meu senhores, são exatamente eles (para não dizer, nós) que
não hesitam, apesar disso TUDO, em condenar mundo e meio de almas ao
inferno.
Estava eu, aqui, nessa Alemanha
pós-cristã, secular - ou seja lá como costumamos rotular as almas que
aqui perambulam pelas ruas geladas – conversando com um pastor
evangelical, justamente sobre esse tema.
Ele me
afirma - pelo que entende e lê - que a única coisa que pode extrair da
Bíblia é que uma parcela de 2% ou 5% da população é que pode ser
considerada de salvos - em seu entender salvos significa pessoas que tem
um relacionamento pessoal com Jesus Cristo.
O que acontece com essa Teologia que rola nos púlpitos e nos corredores dos seminários evangelicais?
E
confesso, que ao ouvir isso, fiquei bem tímido em meus argumentos. A
Bíblia pode mesmo nos levar a enxergar a coisa por esse lado tão
assustador.
Mas afinal quem é o nosso Deus? Ele é Ele, ou Ele é a Bíblia, e o que se entende dela?
Entre Deus e a Bíblia, temos que ficar com Deus.
Erasmo poderia sim ter respondido a Lutero: “Deixe, você, Deus ser Deus”. Pois Deus é Amor.
-
Deixemos Deus ser misericórdia, ser perdão, ser ombro amigo, deixemos
Ele ser Graça e Poder. Deixemos Deus ser amor. Deixemos Deus ser Deus!
Interessante
é que essa temática já foi apresentada a Jesus; e foi por Ele tratada
com toda sua típica clareza: “Senhor, serão poucos os salvos?”
Vivemos hoje num mundo de 7 Bilhões. Quantos estão “caminhando para eternidade sem Jesus”? Quantas almas se perderão?
Se
tomarmos as estatísticas alemã, do meu amigo pastor (que já é
superestimada, por ser um pais cristão), teremos algo em torno de quase 7
Bilhões de perdidos. Imaginem só isso! Onde ficariam países como China,
Arábia Saudita, Índia… Meu Deus!
Daria para
entender, então, que o poder da malignidade humana (para não dizer
demoníaca) é extremamente superior ao da benignidade divina que,
coitadinha, sai perdendo de lavada. Deus revela sua severidade com
lentes telescópicas (ou microscópicas – como queiram) e sua misericórdia
com lentes de diminuição.
A maldade está aí, não quero negar isso. Mas atentemos também para a bondade!
Vejamos
as crianças subnutridas pelos cantos do mundo a morrer. Mas não
esqueçamos de também olhar para aquelas que, a cada dia nascem, e se
equilibram na corda bamba deste mundo, para tocarem teimosa e
marotamente sua vida e trazer-nos o Reino um pouquinho mais perto.
Talvez Alex Carrari esteja certo e Deus tenha mudado ao longo da Bíblia e haja sim novas intenções de Deus.
Talvez esse tal de Jesus seja mesmo quem ele disse ser: O Salvador do Mundo - e especialmente daqueles que creem…
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