De um texto absolutamente devastador do insubordinado Claudio Oliver. Posso ter de processá-lo por massacrar sem dó as ilusões que venho alimentando tão ternamente há anos. Paulo Brabo
Claudio Oliver
Quem me conhece e sabe de toda minha trajetória de vida deve achar no mínimo curioso o título acima. Minha família tem como referência central as figuras de meu avô e minha avó paternos que foram fundadores do Exército da Salvação no Brasil. Vidas dedicadas a mendigos, prostitutas, e de maneira especial aos orfãos, enfermos e renegados. Minha paixão adolescente se viu conquistada por lutas contra a pobreza, a fome e a injustiça e desde quando me casei, há 25 anos atrás, estive envolvido com servir em favelas, a estudantes pobres, populações carentes, mendigos, bairros periféricos, desempregados e pessoas sem renda. Tenho no currículo o fato de ter ajudado a gerar renda, facilitar a organização de famílias, feito pontes entre ricos e pobres, alimentado pessoas e dado a oportunidade de que outros descobrissem profissões, estudassem e transformassem seu futuro. “Empoderar” as pessoas, foi um dia um dos pontos chave de minha prática de não criar dependência. Depois de tudo isso, sou chamado a questionar toda a vida e a desistir de servir aos pobres.
Ao longo da vida guardo o hábito de sempre perguntar se o que estou fazendo tem sentido, se diante de meu Senhor e Deus estou com meu coração alinhado à Sua vontade, se não estou errando o alvo. Sigo com disciplina a regra dos três “por quês”, que pergunta a cada resposta dada o tipo de pergunta que só as crianças sabem fazer e que me auxilia a gerar um vetor de mudança permanente, de auto-crítica e de realinhamentos pessoais. Assim, a cada etapa, ao fazer cada coisa pergunto: Por quê? E qualquer que seja a resposta, a ela de novo pergunto: Por quê? Me sinto no caminho quando aquilo que faço ultrapassar o terceiro por quê, e daí sigo adiante.
Já faz algum tempo me pus a refletir sobre a vida de Jesus, sobre o princípio da Kenosis, ou esvaziamento, baseado no texto de Filipenses 2:1-11, sobre a encarnação de Jesus na realidade e sobre os inúmeros contatos e conversas dele com gente tão miserável como os leprosos e tão ricas como publicanos, chefes de sinagoga e príncipes de seu povo; com famílias da classe média, com proprietários e com servos e mendigos. Sobre o que ele via e como agia. E tudo isso foi crescendo e me fazendo pensar no texto de Mateus 5, de ele dizer aos pobres que mantivessem suas vidas no caminho e animados por serem pobres, por que deles era a possibilidade de terem a vida dirigida e controlada por Deus e perceberem Sua boa e perfeita vontade.
Devagar, nos últimos anos, além da reflexão bíblica, tenho observado o quanto vários amigos extremamente sinceros vem e vão, se empolgam e começam a servir e logo se ocupam de volta com seus afazeres e preocupações. Vejo também com que freqüência alguns outros pagam para que alguém cumpra o serviço de Deus e fazem isso por tempos determinados e movidos da maior das sinceridades, ainda que de longe e sem envolvimento pessoal.
De uma outra perspectiva observo o quanto a pobreza se entranha na vida dos pobres, e quanto esta somente revela muitas vezes seu desejo mal sucedido de possuir, de ter acesso ao consumo destruidor de tudo, de como sua situação se constrói pela sedução das mesmas coisas que seduzem e destroem os ricos. O mesmo individualismo, o mesmo egoísmo, a mesma tendência a sentir-se confortável e identificado com a posse das coisas. E a adesão inegociável a um estilo de vida e modo de pensar que os prende ao mito da necessidade moderna, ao desejo mítico de evoluir e à submissão ao mito do desenvolvimento.
Igualmente a ricos, pobres e remediados, o mesmo convencimento de que o que precisam é de algo que o mercado, o dinheiro, o governo ou alguma agência pode lhes oferecer. Que serão felizes com a posse, com a pança cheia (uns com pão, outros com brioches) e com o fluir permanente do dinheiro que tudo pode e tudo resolve. E dentre estes, alguns bem intencionados estendem a mão para “incluir” outros no estilo de vida ou no patamar que alcançaram. À mão estendida de cima para baixo, chamamos serviço.
Descobri ao longo dos anos que a própria posição de servir aos pobres, de compromisso com a libertação, estava cheia de superioridade, daquele tipo de superioridade que se traduz por dar ao outro o que eu tenho, uma vez que sutilmente assumo com meus atos que o que eu tenho ou faço era o que ele deveria ter ou fazer, uma tradução percebida na sutil arrogância das tais políticas de “inclusão”, sempre buscando colocar o outro dentro da caixa onde vivo, incluído no meu estilo de vida.
Tudo isso foi me levando a desistir de servir os pobres. Ainda que nem de longe me alinhando com aqueles que a este ponto, do alto de sua riqueza, conforto e bem estar possam estar dizendo “ta vendo? É isso que eu sempre pensei.” Lamento informar a estes que nem de longe creio em seu estilo de vida separado do contato com o pobre, com o desvalido, o faminto, o nu, o feio, o mal cheiroso, o inculto e o bárbaro. Não me alinho com aqueles que pagam seus impostos ou contribuem para caridade dizendo assim estar cumprindo seu papel. Não é disso que falo. A estes continuo retransmitindo a mensagem de Jesus, confrontadora de seu estilo de vida cego, insensível e arrogante, uma mensagem que chama de loucura aquilo que estes chamam de segurança.
Desisti de servir os pobres por outra razão.
Desde 1993, quando saí para as ruas com um bando de meninos e meninas na direção das populações de rua, havia desenvolvido uma mística de, a cada saída nas noites frias de minha cidade, não ir encontrar mendigos, ou carentes. Sempre dizia aos garotos àquela época que eu nunca me disporia a servir pão a um mendigo, ou fazer-lhe a cama, ou vestir sua nudez. Nosso moto, naquele tempo, era “encontrando Jesus na pessoa do pobre mais pobre”. Servir, alimentar e vestir Jesus era nossa motivação, isso sim me animava. E descobrimos com aquelas saídas, que a cada encontro desse com um Jesus assim disfarçado, que os chamados miseráveis se transformavam em mestres, em denunciadores de nossa miséria pessoal, de desmascaradores de nossos mecanismos de manipulação e nos víamos, de repente, espelhados neles, usando as mesmas desculpas, mentiras e escaramuças para ter o que queríamos. Talvez com um pouco mais de sucesso, e certamente simplesmente com mais sorte social, e mecanismos de segurança. Mas descobrimos à época, que nós éramos eles.
Aqueles que se descobriram assim, se libertaram, cresceram e mudaram. Confrontados por Jesus e ensinados por ele no contato com suas próprias pobrezas e misérias, descobrimos, muitos de nós, o que eram boas novas. Naquele tempo, e daquele tempo, muitos fomos transformados pelo toque de Jesus e pela boa nova que ele nos tinha a transmitir como pobres que nos descobrimos.
No entanto, nem sempre esta mística foi mantida como chama acesa, voltei tantas vezes a servir aos pobres, a me deixar levar pela possibilidade de estar na posição de ajudador e fui me esquecendo muitas vezes de minha própria miséria.
Como disse acima, ficar longe dos pobres e julgar suas atitudes e descaminhos do alto do conforto de minha posição social superior não é a alternativa que exponho aqui. Ajudar os pobres, conscientiza-los e inclui-los se mostra um mito, mais um daqueles nascidos no desenvolvimentismo dos últimos 60 anos. A alternativa que apresento é outra, traduzida no encontro, no reconhecimento e na identificação.
Desisti de ajudar os pobres, de servi-los e de salva-los. E isso porque tenho re-descoberto uma verdade dura: a de que Jesus não tem nenhuma boa notícia para quem serve os pobres. Jesus não veio trazer boas notícias a quem serve os pobres, ele trouxe uma boa notícia aos pobres. Ele não tem nada a dizer a outros salvadores, a quem disputa com Ele o cargo de Messias, de Redentor. A agenda de Jesus só traz uma mensagem aos que se reconhecem pobres, nus, feridos, cansados, sobrecarregados, carentes e sem esperança. Aos demais, sua agenda tem pouco ou nada a oferecer
A única maneira de permanecer com os pobres é se descobrimos que somos nós mesmos os miseráveis, é se reconhecemos a nós mesmos, ainda que bem disfarçados, naquele que está diante de nossos olhos. Ao encontrarmos neles nossa miséria, ao nos dar-mos conta de nossa carência, da desesperada necessidade de sermos salvos, ai nos encontramos com a agenda de Jesus.
Deus não se apresenta em nossa capacidade de curar, mas em nossa necessidade de sermos curados. Descobrir esta nossa fraqueza nos coloca sem nada para oferecer, servir, doar, mas revela nossa necessidade de sermos amados, curados e restaurados.
Por ai é que faz sentido que o poder que existe em nós não é o poder de nossas capacidades e riqueza, mas o poder residente em nossa miséria pessoal, tão bem escondida e disfarçada em nossas posses e estabilidade. Como diz Jean Vanier em um livro que li recentemente: “Somos chamados a descobrir que Deus pode trazer paz, compaixão e amor através de nossas feridas”
Como passou a fazer sentido o texto que fala do Messias, e que diz: pelas suas pisaduras, fomos sarados. Os demais messias tendem a escapar do exemplo de Jesus de esvaziar-se a tal ponto de ser um de nós, de morrer conosco e de abrir assim a porta da ressurreição para nós.
O poder que Jesus usou para nos curar e continuar curando não reside em seu acesso ao poder universal, mas em sua identificação conosco na cruz. Em se abrir em chagas e feridas, em se tornar um de nós, em viver nossa vida.
Desisti de servir aos pobres. Estou voltando a encontrar os pobres e me encontrar neles. Voltei a descobrir a miséria que se esconde nas vidas bem montadas de nossa falsa segurança. E com isso posso entender o Jesus que fala com leprosos e com ricos homens de negócios, com cobradores de impostos em suas festas e com enfermos miseráveis. Em sua identificação com todos e cada um Ele via o que talvez mais ninguém via: a extrema miséria e pobreza da condição humana, independente de qualquer status ou roupagem social.
Passei a reencontrar minha pobreza, a me ver em cada situação de miséria, e de me colocar em contato com minhas dores internas. Dali clamar por cura, libertação, comunidade e amor. Pedir misericórdia e ser restaurado.
Quem serve, serve de cima, Jesus nos chama a encarnar a nos vermos no outro e a nos colocarmos por baixo. A deixar de confiar em nossa capacidade e mudar o rumo para irmos ao encontro de nossas feridas e dores. De lá descobrir o poder que existe em sermos menos e não mais.
Desisti de servir aos pobres. Voltei a descobrir minha pobreza. E com ela posso clamar: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim”
Texto escrito pelo autor no blog Na Rua com Deus e dica do Paulo Brabo do blog Bacia das Almas
Ao longo da vida guardo o hábito de sempre perguntar se o que estou fazendo tem sentido, se diante de meu Senhor e Deus estou com meu coração alinhado à Sua vontade, se não estou errando o alvo. Sigo com disciplina a regra dos três “por quês”, que pergunta a cada resposta dada o tipo de pergunta que só as crianças sabem fazer e que me auxilia a gerar um vetor de mudança permanente, de auto-crítica e de realinhamentos pessoais. Assim, a cada etapa, ao fazer cada coisa pergunto: Por quê? E qualquer que seja a resposta, a ela de novo pergunto: Por quê? Me sinto no caminho quando aquilo que faço ultrapassar o terceiro por quê, e daí sigo adiante.
Já faz algum tempo me pus a refletir sobre a vida de Jesus, sobre o princípio da Kenosis, ou esvaziamento, baseado no texto de Filipenses 2:1-11, sobre a encarnação de Jesus na realidade e sobre os inúmeros contatos e conversas dele com gente tão miserável como os leprosos e tão ricas como publicanos, chefes de sinagoga e príncipes de seu povo; com famílias da classe média, com proprietários e com servos e mendigos. Sobre o que ele via e como agia. E tudo isso foi crescendo e me fazendo pensar no texto de Mateus 5, de ele dizer aos pobres que mantivessem suas vidas no caminho e animados por serem pobres, por que deles era a possibilidade de terem a vida dirigida e controlada por Deus e perceberem Sua boa e perfeita vontade.
Devagar, nos últimos anos, além da reflexão bíblica, tenho observado o quanto vários amigos extremamente sinceros vem e vão, se empolgam e começam a servir e logo se ocupam de volta com seus afazeres e preocupações. Vejo também com que freqüência alguns outros pagam para que alguém cumpra o serviço de Deus e fazem isso por tempos determinados e movidos da maior das sinceridades, ainda que de longe e sem envolvimento pessoal.
De uma outra perspectiva observo o quanto a pobreza se entranha na vida dos pobres, e quanto esta somente revela muitas vezes seu desejo mal sucedido de possuir, de ter acesso ao consumo destruidor de tudo, de como sua situação se constrói pela sedução das mesmas coisas que seduzem e destroem os ricos. O mesmo individualismo, o mesmo egoísmo, a mesma tendência a sentir-se confortável e identificado com a posse das coisas. E a adesão inegociável a um estilo de vida e modo de pensar que os prende ao mito da necessidade moderna, ao desejo mítico de evoluir e à submissão ao mito do desenvolvimento.
Igualmente a ricos, pobres e remediados, o mesmo convencimento de que o que precisam é de algo que o mercado, o dinheiro, o governo ou alguma agência pode lhes oferecer. Que serão felizes com a posse, com a pança cheia (uns com pão, outros com brioches) e com o fluir permanente do dinheiro que tudo pode e tudo resolve. E dentre estes, alguns bem intencionados estendem a mão para “incluir” outros no estilo de vida ou no patamar que alcançaram. À mão estendida de cima para baixo, chamamos serviço.
Descobri ao longo dos anos que a própria posição de servir aos pobres, de compromisso com a libertação, estava cheia de superioridade, daquele tipo de superioridade que se traduz por dar ao outro o que eu tenho, uma vez que sutilmente assumo com meus atos que o que eu tenho ou faço era o que ele deveria ter ou fazer, uma tradução percebida na sutil arrogância das tais políticas de “inclusão”, sempre buscando colocar o outro dentro da caixa onde vivo, incluído no meu estilo de vida.
Tudo isso foi me levando a desistir de servir os pobres. Ainda que nem de longe me alinhando com aqueles que a este ponto, do alto de sua riqueza, conforto e bem estar possam estar dizendo “ta vendo? É isso que eu sempre pensei.” Lamento informar a estes que nem de longe creio em seu estilo de vida separado do contato com o pobre, com o desvalido, o faminto, o nu, o feio, o mal cheiroso, o inculto e o bárbaro. Não me alinho com aqueles que pagam seus impostos ou contribuem para caridade dizendo assim estar cumprindo seu papel. Não é disso que falo. A estes continuo retransmitindo a mensagem de Jesus, confrontadora de seu estilo de vida cego, insensível e arrogante, uma mensagem que chama de loucura aquilo que estes chamam de segurança.
Desisti de servir os pobres por outra razão.
Desde 1993, quando saí para as ruas com um bando de meninos e meninas na direção das populações de rua, havia desenvolvido uma mística de, a cada saída nas noites frias de minha cidade, não ir encontrar mendigos, ou carentes. Sempre dizia aos garotos àquela época que eu nunca me disporia a servir pão a um mendigo, ou fazer-lhe a cama, ou vestir sua nudez. Nosso moto, naquele tempo, era “encontrando Jesus na pessoa do pobre mais pobre”. Servir, alimentar e vestir Jesus era nossa motivação, isso sim me animava. E descobrimos com aquelas saídas, que a cada encontro desse com um Jesus assim disfarçado, que os chamados miseráveis se transformavam em mestres, em denunciadores de nossa miséria pessoal, de desmascaradores de nossos mecanismos de manipulação e nos víamos, de repente, espelhados neles, usando as mesmas desculpas, mentiras e escaramuças para ter o que queríamos. Talvez com um pouco mais de sucesso, e certamente simplesmente com mais sorte social, e mecanismos de segurança. Mas descobrimos à época, que nós éramos eles.
Aqueles que se descobriram assim, se libertaram, cresceram e mudaram. Confrontados por Jesus e ensinados por ele no contato com suas próprias pobrezas e misérias, descobrimos, muitos de nós, o que eram boas novas. Naquele tempo, e daquele tempo, muitos fomos transformados pelo toque de Jesus e pela boa nova que ele nos tinha a transmitir como pobres que nos descobrimos.
No entanto, nem sempre esta mística foi mantida como chama acesa, voltei tantas vezes a servir aos pobres, a me deixar levar pela possibilidade de estar na posição de ajudador e fui me esquecendo muitas vezes de minha própria miséria.
Como disse acima, ficar longe dos pobres e julgar suas atitudes e descaminhos do alto do conforto de minha posição social superior não é a alternativa que exponho aqui. Ajudar os pobres, conscientiza-los e inclui-los se mostra um mito, mais um daqueles nascidos no desenvolvimentismo dos últimos 60 anos. A alternativa que apresento é outra, traduzida no encontro, no reconhecimento e na identificação.
Desisti de ajudar os pobres, de servi-los e de salva-los. E isso porque tenho re-descoberto uma verdade dura: a de que Jesus não tem nenhuma boa notícia para quem serve os pobres. Jesus não veio trazer boas notícias a quem serve os pobres, ele trouxe uma boa notícia aos pobres. Ele não tem nada a dizer a outros salvadores, a quem disputa com Ele o cargo de Messias, de Redentor. A agenda de Jesus só traz uma mensagem aos que se reconhecem pobres, nus, feridos, cansados, sobrecarregados, carentes e sem esperança. Aos demais, sua agenda tem pouco ou nada a oferecer
A única maneira de permanecer com os pobres é se descobrimos que somos nós mesmos os miseráveis, é se reconhecemos a nós mesmos, ainda que bem disfarçados, naquele que está diante de nossos olhos. Ao encontrarmos neles nossa miséria, ao nos dar-mos conta de nossa carência, da desesperada necessidade de sermos salvos, ai nos encontramos com a agenda de Jesus.
Deus não se apresenta em nossa capacidade de curar, mas em nossa necessidade de sermos curados. Descobrir esta nossa fraqueza nos coloca sem nada para oferecer, servir, doar, mas revela nossa necessidade de sermos amados, curados e restaurados.
Por ai é que faz sentido que o poder que existe em nós não é o poder de nossas capacidades e riqueza, mas o poder residente em nossa miséria pessoal, tão bem escondida e disfarçada em nossas posses e estabilidade. Como diz Jean Vanier em um livro que li recentemente: “Somos chamados a descobrir que Deus pode trazer paz, compaixão e amor através de nossas feridas”
Como passou a fazer sentido o texto que fala do Messias, e que diz: pelas suas pisaduras, fomos sarados. Os demais messias tendem a escapar do exemplo de Jesus de esvaziar-se a tal ponto de ser um de nós, de morrer conosco e de abrir assim a porta da ressurreição para nós.
O poder que Jesus usou para nos curar e continuar curando não reside em seu acesso ao poder universal, mas em sua identificação conosco na cruz. Em se abrir em chagas e feridas, em se tornar um de nós, em viver nossa vida.
Desisti de servir aos pobres. Estou voltando a encontrar os pobres e me encontrar neles. Voltei a descobrir a miséria que se esconde nas vidas bem montadas de nossa falsa segurança. E com isso posso entender o Jesus que fala com leprosos e com ricos homens de negócios, com cobradores de impostos em suas festas e com enfermos miseráveis. Em sua identificação com todos e cada um Ele via o que talvez mais ninguém via: a extrema miséria e pobreza da condição humana, independente de qualquer status ou roupagem social.
Passei a reencontrar minha pobreza, a me ver em cada situação de miséria, e de me colocar em contato com minhas dores internas. Dali clamar por cura, libertação, comunidade e amor. Pedir misericórdia e ser restaurado.
Quem serve, serve de cima, Jesus nos chama a encarnar a nos vermos no outro e a nos colocarmos por baixo. A deixar de confiar em nossa capacidade e mudar o rumo para irmos ao encontro de nossas feridas e dores. De lá descobrir o poder que existe em sermos menos e não mais.
Desisti de servir aos pobres. Voltei a descobrir minha pobreza. E com ela posso clamar: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim”
Texto escrito pelo autor no blog Na Rua com Deus e dica do Paulo Brabo do blog Bacia das Almas
17 comentários:
A mensagem de Jesus é para o pobre. Claro. Tirar o pobre de sua condição de miséria é NOSSA ação. Quem é que dorme com a consciência limpa, senão os que não se importam, ao saber que a mensagem de Cristo traz paz ao nosso ser empobrecido mas a nossa mensagem/ação não alcança aquele que enquanto a dormimos, ele perambula pelos guetos?
Nesse caso, prefiro continuar agindo que pensando. Acordado que dormindo.
Essa mensagem do Claudio Oliver é um perigo aos confortados.
Muito bom este texto. Me espelho em suas palavras. Parabéns!
Poxa... me senti um lixo!! Não faço nada d+... sou acomodado como diz o irmão ai em cima!! Preciso me mexer!! Tanks pela mensagem!!
É difícil viver as verdades do mundo
quando o seu coração não se sente à vontade.
ótimo texto.
Belo texto e reflexão. A palavra de Deus, a verdade do evangelho traz confrontação e bem estar.
Parabéns!!! Deus te abençoe
Belo texto e reflexão. A palavra de Deus, a verdade do evangelho traz confrontação e não bem estar.
Parabéns!!! Deus te abençoe
A Mensagem de Jesus é para o Zaqueu, e para o Bartimeu. Infelizmente ,a moda agora é o Franciscanismo demagogo. Se alguém diz que pregou para um politico, é logo pixado de malandro. Se se esmera em falar que cuida dos pobres é logo visto como um santo. Fico pensando como encarariam Jesus por ter repreendido um pescador ( pedro) e colocado um Funcionário da Receita Federal como discípulo( Mateus) . Faço trabalhos com classe necessitada, e muitos mendigos , são mais arrogantes que muitos empresários que conheço. Jesus disse que é bem aventurado o pobre de espírito e não o falido de bolso. E sobre os ricos , disse que é difícil entrar no céu , e não impossível. Deixemos de demagogias. Pra quem queira saber , Não tenho internet em casa e não sou rico, e não tenho carro. Mas sei que não serei salvo por isto. Madre Tereza não vai para o céu por obra nenhuma dela. Só por Jesus.
marcelo,
a mensagem de Cristo é escandalosamente maior do que uma questão entre ricos e pobres, capitalismo e socialismo. Este texto trato algo maior do que você parece ter percebido. Resumir este texto a uma ideia de "fransciscanismo demagogo" (da minha parte uma infeliz colocação) é de extremo reducionismo.
A mensagem de Cristo é algo que vai alem de definir pra que lugar eu vou quando morrer. Ela é uma resposta agora! e por isto ela é uma avassaladora mensagem de respostas as injustiças em todas as suas esferas (economica, espiritual, humana...)
Sobre Madre Teresa, a biblia fala sobre algo como pelos frutos conhecereis a arvore. Vendo os frutos desta simples senhora, com seu grande amor pelos necessitados, ela me é uma bela manifestação do amor de Cristo. E ainda digo mais. Cito Gandhi que não aceitou Cristo como seu senhor, e ainda sim, era uma expressão do seu amor. Se eles não forem pra este lugar que voce chama céu, eu ofereço o meu lugar para eles, acho os mais digno.
abraços
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
1 corintios 13
Caro Suenio. Quem parece que não entendeu as nuances do texto foi o senhor. Na minha visão este texto fala sim do fato de não só olharmos para condições sociais como prova de humildade. O ser humano pode ser um rico bom ou um pobre mau.
Quanto aos frutos de Ganji e Madre Tereza , a bíblia fala que a salvação não vem pelas obras e sim por fé. E fé somente em Jesus, o único caminho.
Parece que não leu a biblia , né? ou se leu a despreza , para formar sua mentalidade contextualizada em discursos demagogos e retóricos. A Salvação é só por Cristo e se você desprezaria o sangue dele na Cruz , sedendo o seu lugar na sua Salvação, é porque não dimensiona a importância de tal ato. Só para parecer misericordioso aos seus olhos e aos dos que te leem. Concordo plenamente com todo o texto acima mencionado.
Aliás , a biblia a qual você despreza mostra bem esta demagogia reinante , tanto que cita em corintios 13, o proprio texto sobre o amor perfeito, que se dermos nossa fortuna aos mais pobres , ou se nos deixarmos nos queimar , se não tiver amor , nada me serve. Prova que amor , não é movido por obras , mas sim o contrario. Se madre Tereza, ou qualquer outro, inclusive o ( arrogante) Dalai Lama que acha que pode ser salvo pela própria obra , não aceitaram Jesus, somente viveram de obras , que não pode salvar a ninguém. A salvação está no nome de Cristo e a bíblia ainda é a palavra de Deus, ainda que pareça que você não creia nela e queira se apoiar em méritos próprios de uma Teologia pessoal e bonachona ( por isso nem crê em milagres, só num Deus distante e filosoficamente nova era), sem a presença de Cristo. Assino em baixo do texto"Por quê eu desisti de servir os pobres"
.
E a você digo que a bondade dos personagens que você admira e cita, estão enquadrados na mesma bondade do antiCristo que virá. E certamente , se sua conduta auto suficiente permanecer a mesma , será até capaz de você propagar as mensagens dele também, Deste Deus impessoal e com um amor permissivo e demagogo.
ok marcelo.
Sei que seu pensamento procura agradar a Deus.
Eu estou tentando também. Confesso que não tenho tantas certezas, mas procuro estar bem com os meus ideais.
continuemos a caminhada.
Caso queira conversar melhor, estou aberto ao diálogo. Meu msn é stajed@uol.com.br.
abraços
Bom Suenio, como não tenho MSN só Google Talk, vou responder por aqui,se não se importa. Suenio, Paz!
Uma coisa tenho por regra comigo.
Enquanto estiver construindo alguma certeza dentro de mim, eu nunca me posicionarei publicamente.
Tenho várias dúvidas , inclusive na tão estudada escatologia. Mas como não tenho nenhuma certeza, eu não a exponho.
Se caso eu estiver errado sobre minhas incertezas , não só me furtarei do bom caminho, mas levarei muitos que compartilharam comigo à minha visão. Tenho muito medo, e a palvra certa seria cagaço , de fazer coisas erradas , e ter conciência de que posso mudar , mas não ter a mesma certeza da conciência dos outros que erraram comigo , se também terão o mesmo toque de conciência.
A Biblia diz que se fizermos desviar um pequenino seremos cobrados porisso. E fala que tudo o que fazemos sem fé, é pecado.
Entendo sua vontade em livrar dos fardos a muitos. Mas de certa forma, tem que se tomar cuidado ao tirar o joio, e junto com ele ir também o trigo.
Sinceramente, eu se tivesse algo para te dizer é : Busque a certeza no seu coração. Lute por ela e quando a obtiver , lute com todas as forças para propagá-la. Nada do que provém de dúvidas pode alimentar ninguém. Torna-se só um petisco intelectual, mas sem o gabarito do Espirito que é o que fez a diferença nos discursos de Cristo e os discursos dos Fariseus.
E como uma vez o PR. Ricardo Gondin pregou: " Falta biblia nas pregações. Tem muita filosofia e ilustração e pouca biblia! " eu concordo com ele.
Cara, com todo o respeito a ti e sua estrada no Evangelho. Peço que se apaixone pelos livros de 1 e 2 Timoteo, e todo este amor que você tem dentro de você , vai encotrar um veículo certeiro sobre como canalizá-lo .
Deus abençoe!
Ok marcelo.
continuarei falar pois penso como a propria pessoa que voce citou, ricardo gondim: fé e dúvidas são irmãs siamesas.
Certezas já foram usadas pra matar muita gente (vide idade média, praticada até mesmo pelos grandes lideres protestantes).
O que procuro sempre é separar o que realmente a biblia fala e o que as pessoas dizem que ela diz. Claro que isto não é facil, pois eu mesmo posso dizer que ela fala algo, e naverdade não é isto mesmo, pois o texto tem todo um contexto.
ai vai da certeza, ou da duvida de cada um.
mas estamos caminhando.
abraços
Concordo com 75,2 % )do que Gondin pensa. Mas de uma coisa estou certo . Não devemos deixar em segundo plano a ação do Espirito Santo em preencher a lacunas que restam em nossas dúvidas. Não é nosso trabalho supor se existe um planeta habitado por elefantes flutuantes de plástico. Mas questões fundamentais biblicas , nas quais devemos discipular e sermos discipulados, e ao mesmo tempo aplicadas; o Espirito Santo se encarregará de arder-nos o coração com esta certeza. Abraço!
Um dos melhores textos que li sobre o assunto!
Reflexão excelente, fruto da vivência!
Profundo.
Isso me faz lembrar de Isa. 58.
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