sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A única família resistindo no espaço das obras

Dentro da trânquila água do aquário:

Ele explicou que fomos escolhidos por Deus e que não seguimos os padrões do mundo, mas que o Senhor nos coloca nos padrões do Espírito Santo e que, sobre nossas cabeças, cairá a Unção de Rei. - Igospel

Nesses últimos dias, o Espírito Santo está levantando o Seu exército sobre a face da terra, equipando-os com revelações apostólicas e proféticas de batalha espiritual, a fim de que seja um exército eficaz no combate contra as fortalezas espirituais que oprimem as nações da terra. Venha ser treinado, ativado e receba as armas poderosas em Deus para a destruição de fortalezas! - Ap. Fernando Guillen - Lagoinha.com

Ser um gideão é ser um campeão da fé. Silas Malafaia

Somos [sic] entre os quinhentos homens mais bem-sucedidos do Brasil que possuem um jato. A visão desatou novos líderes e milionários. Pastores e líderes que possuem casa, patrimônio, empresas e templos (como Igreja) acima de milhões, o que fez ministérios e líderes milionários. Sabe por quê? Deixamos de ser tímidos, saímos dos decretos de morte e entramos no decreto de vida. Por isso, estamos ousando conquistar no sobrenatural. Apóstolo Terra Nova - Lider do G12"


Fora destas tranquílas águas:

A única família resistindo no espaço das obras

Eu falei que eu não ia sair, porque não tenho para onde ir. Aí ela falou “a senhora é quem sabe, qualquer hora dessas nós vamos ter que tirar a senhora daqui, de qualquer jeito nós temos que tirar”

Márcio Zonta,
de São Paulo (SP)

A casa de Alice Vieira Santos da Silva, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, é a única que ainda resiste no espaço onde estão sendo construídas as obras de urbanização tocadas pela Prefeitura da capital na comunidade.

Junto com o marido e 12 filhos, Alice convive diariamente com o barulho dos caminhões e das obras da Fatec, erguida exatamente ao lado de sua residência.

Na entrevista a seguir, a moradora relata as pressões que tem sofrido para sair do local e o drama de ser despejada a qualquer momento.

A Prefeitura alega que sua casa está em uma área de risco, por causa de obras no entorno. Que alternativas foram oferecidas para sua família deixar o local?
Eles querem me tirar com cheque-despejo de cinco mil reais, e com cinco mil reais eu acho que não dá para comprar nenhuma outra casa. Estou aqui porque não tenho para onde ir. Já vieram falar para mim que, se eu não quiser os cinco mil reais, eles vêm me tirar daqui, que se eu quisesse ou não qualquer hora eles poderiam me tirar daqui. Eles me dariam cinco mil reais ou me levariam para um albergue. Também fui falar que não queria ir para o albergue e eles me ofereceram 150 reais de passagem para eu ir para minha terra, mas não dá para ir com 150 reais.

Há quanto tempo a senhora vive nessa casa?
Eu estou aqui desde 2004, eu vim do Paraná tentar mudar de vida, porque lá eu trabalhava na roça, era ruim de serviço. Aí eu vim tentar mudar de vida, arrumar serviço melhor, deixar a roça…

Por que a senhora escolheu Paraisópolis?
Porque aqui eu achei que tinha bastante emprego, porque aqui é uma comunidade com bastante meios. Achei que ia arrumar serviço aqui por perto ou ali no Morumbi. Mas só foi um engano.


O que a senhora vai fazer se derrubarem sua casa?
Ah, eu fico desesperada porque eu não tenho para onde ir. Eu tive um emprego aqui, mas esse pessoal do canteiro de obras, marcando reunião e reunião… A patroa me mandou embora porque eu faltei [ao trabalho] para ir na reunião. Ela falou para mim, “eu vou te mandar embora, na hora em que você resolver os seus problemas e as suas reuniões você arruma um serviço porque não dá para ficar faltando assim”. Eu trabalhava ali no Morumbi, perto do estádio, eu era cozinheira residencial, em casa de família.


Quem está pressionando para que a senhora deixe sua casa?
As assistentes sociais são da Prefeitura, da Absul e da Prefeitura. Elas chegam aqui, a Lúcia e a Gabriela, e perguntam: “a senhora já arrumou casa, dona Alice”? E eu falo que não, que não tenho para onde ir. Aí elas falam que se eu ficar resistindo, vão vir aqui me tirar, vão vir com mandato para tirar e com reforço, viatura. Falaram que, se eu resistir aqui, não vai ter outro jeito. A própria assistente social, a Gabriela, já falou para mim, a Lúcia e a Roberta também. Eu vivo com medo aqui, de qualquer hora eles aparecerem. Esses dias a Gabriela parou aqui com três caminhões, eu perguntei para que era e ela disse que era para tirar minhas coisas de dentro do barraco. Eu falei que eu não ia sair, porque não tenho para onde ir. Aí ela falou “a senhora é quem sabe, qualquer hora dessas nós vamos ter que tirar a senhora daqui, de qualquer jeito nós temos que tirar”. Eu perguntei para onde eu iria com cinco mil, e ela respondeu “a senhora se vira”. Eu não tenho para onde ir, se eu tivesse outras rendas, se eu tivesse dinheiro guardado para comprar outra casa, eu sairia, mas eu não tenho. E eu estou dentro de uma moradia, com meus filhos. Por causa deles, de tanta reunião, eu perdi o meu emprego, meu marido perdeu o emprego também por causa disso, ele está fazendo bico por aí, mas não está dando nem para sobreviver.

O que eles argumentam?
Eles vão construir uma Fatec e falam que nós estamos atrapalhando. Se eles me derem outra moradia eu saio daqui. Já tiraram as caçambas de lixo daqui, eu estou amontoando o lixo ali [perto de casa]. Eles quebram os canos, aquele esgoto ali está cheio de água suja, porque eles quebraram tudo.

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