A parábola do filho pródigo nos coloca diante da tensão existente entre o amor e a liberdade, dois dos maiores anseios do coração humano. O filho mais novo queria a liberdade; o mais velho, ser amado. A tensão se explica pela aparente contradição na experiência da liberdade e do amor. O senso comum define a liberdade como a não sujeição do eu ou do ego a qualquer realidade limitadora ou impeditiva da realização de desejos e vontades. Livre é quem faz o que quer, quando quer, onde quer, com quer, porque quer, e assim por diante. O amor, por sua vez, é compreendido pela entrega do eu ou do ego ao objeto amado, o que implica renúncia, abnegação, e até mesmo sacrifício. Quem ama valoriza mais o relacionamento com o ser amado do que a realização de suas vontades e desejos. Isto é, amar é abrir mão da liberdade.
O mesmo Jesus que disse ser a fonte da liberdade: “se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36), exige que seus seguidores morram para si mesmos: “se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo” (Mateus 16.24). Nesse sentido, a liberdade não é compatível com o amor, pois o amor não é compatível com o egoísmo-egocentrismo.
A pretensão humana de liberdade conforme descrita é ilusória, pois é fato que a liberdade humana não é absoluta: ninguém consegue fazer o que quer, onde quer, como quer... A realidade na qual vivemos impõe limites à liberdade humana, como por exemplo, a impossibilidade de voar ou de sobreviver sem dormir e respirar. São limitações que não implicam desejos e independem das vontades, e por esta razão, não constituem dilemas éticos.
Mas há outros limites que implicam posicionamentos éticos e decisões morais, como por exemplo o zelo do corpo e o cuidado das relações de confiança. Sempre que os limites de sua liberdade são desrespeitados, o ser humano entra em rota de colisão com sua natureza, a natureza da realidade em que vive e, portanto, de auto-destruição e destruição do que lhe tem valor. Por exemplo, aquele que desrespeita o limite imposto pela lei da gravidade e pretende andar sobre os ares pula para a auto-destruição, assim como aquele que não cuida de sua saúde. O mesmo ocorre com quem deseja se relacionar com base na mentira, na infidelidade e na exploração do outro em benefício próprio: destrói a si mesmo, ao outro, e também a relação de amor.
O dilema entre a liberdade e o amor, portanto, pode e deve ser superado, primeiro, pela consciência de que a liberdade humana é relativa, e, também e principalmente, pela renúncia voluntária (livre) da vida egocêntrica, em favor das relações de amor. Amar implica escolher livremente se dedicar ao amado. Isso é graça: entrega do si mesmo em favor do objeto amado: “a minha vida ninguém a tira de mim, mas eu a dou de minha espontânea vontade” (João 10.18). Dou espontaneamente porque sou livre, e mesmo assim a dou, porque amo. Assim viveu Jesus. Assim morreu Jesus. E porque livre e pleno de amor, a morte não o pôde reter – ressuscitou.
Ed René Kivitz
O mesmo Jesus que disse ser a fonte da liberdade: “se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36), exige que seus seguidores morram para si mesmos: “se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo” (Mateus 16.24). Nesse sentido, a liberdade não é compatível com o amor, pois o amor não é compatível com o egoísmo-egocentrismo.
A pretensão humana de liberdade conforme descrita é ilusória, pois é fato que a liberdade humana não é absoluta: ninguém consegue fazer o que quer, onde quer, como quer... A realidade na qual vivemos impõe limites à liberdade humana, como por exemplo, a impossibilidade de voar ou de sobreviver sem dormir e respirar. São limitações que não implicam desejos e independem das vontades, e por esta razão, não constituem dilemas éticos.
Mas há outros limites que implicam posicionamentos éticos e decisões morais, como por exemplo o zelo do corpo e o cuidado das relações de confiança. Sempre que os limites de sua liberdade são desrespeitados, o ser humano entra em rota de colisão com sua natureza, a natureza da realidade em que vive e, portanto, de auto-destruição e destruição do que lhe tem valor. Por exemplo, aquele que desrespeita o limite imposto pela lei da gravidade e pretende andar sobre os ares pula para a auto-destruição, assim como aquele que não cuida de sua saúde. O mesmo ocorre com quem deseja se relacionar com base na mentira, na infidelidade e na exploração do outro em benefício próprio: destrói a si mesmo, ao outro, e também a relação de amor.
O dilema entre a liberdade e o amor, portanto, pode e deve ser superado, primeiro, pela consciência de que a liberdade humana é relativa, e, também e principalmente, pela renúncia voluntária (livre) da vida egocêntrica, em favor das relações de amor. Amar implica escolher livremente se dedicar ao amado. Isso é graça: entrega do si mesmo em favor do objeto amado: “a minha vida ninguém a tira de mim, mas eu a dou de minha espontânea vontade” (João 10.18). Dou espontaneamente porque sou livre, e mesmo assim a dou, porque amo. Assim viveu Jesus. Assim morreu Jesus. E porque livre e pleno de amor, a morte não o pôde reter – ressuscitou.
Ed René Kivitz
Um comentário:
"Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas vos seao acrescentadas"... Sigo veeemente este pensamento... o amor supera tudo e jamais devemos confundir liberdade com libertinagem... ótima palavra =D
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