Permita-me responder a essa pergunta com uma parábola que formulei. Se alguém perceber soldados camuflados rastejando em uma floresta, se notar aviões de um país inimigo voando bem alto sobre a sua cabeça, se importantes líderes políticos de seu país desaparecerem ou forem misteriosamente assassinados, pode-se suspeitar de que uma invasão está a caminho. Se tiros forem disparados e sirenes de bombardeios começarem a soar, suas suspeitas se concretizarão. Uma outra nação – que vamos chamar de reino – se prepara para invadir e conquistar o seu reino.
Mas e se esse reino invasor for um reino de um tipo muito diferente? E se a invasão for de bondade e de compaixão, em vez de ser de força e de agressão? E se os doentes começarem a ser curados repentina e inexplicavelmente? E se começarem a e se espalhar rumores de que tempestades estão sendo acalmadas, pacientes psicóticos estão sãos novamente, os famintos estão sendo alimentados e mortos estão sendo ressuscitados? Não poderia esse ser um sinal de uma invasão muito diferente, a vinda de um tipo diferente de reino?
É dessa forma que passei a compreender os sinais e maravilhas de Jesus. São dramatizações de sua mensagem; são a divulgação ampla da mensagem do Reino em uma forma que transcende as palavras. Eles se unem a fim de anunciar que o impossível está para se tornar possível: o Reino de Deus – com sua paz, cura, sanidade, capacitação, e liberdade – está disponível a todos, aqui e agora. Sinais e maravilhas rompem os mecanismos que nos dizem o que é matemático – e, portanto, praticamente possível – e o que é impossível. Eles abrem caminho para se crer que algo novo, sem precedentes, e até então impossível, está a caminho; nos dizem que estamos sendo invadidos por uma força de esperança, um grupo de agentes secretos cuja trama é a bondade.
Alguns catedráticos vêem os relatos dos sinais e maravilhas como ficção – parábolas, se preferir, redigidas pela igreja primitiva. Embora respeite seus pontos de vista, não me encontro entre eles. Creio que sinais e maravilhas aconteceram realmente, de fato e aos montes ao redor de Jesus e de sua mensagem secreta sobre o Reino de Deus – do mesmo modo como esperaríamos que ocorressem uma vez que Jesus e sua mensagem sejam de fato provenientes de Deus. No entanto, não creio que tenham ocorrido de modo semelhante à maneira como um jogador de bilhar procura atingir uma porção de bolas sobre a mesa com o movimento de seus dedos. Antes, estou convencido e que a cosmovisão de Jesus é melhor do que a nossa. Não é então que um intruso de fora esteja burlando as leis da natureza; não é que o mecanismo esteja sendo manipulado pelo lado de fora. Em vez disso, é o universo que não é uma máquina de forma alguma, mais se parecendo com uma família, uma comunidade ou um reino. E Deus não está situado fora do universo, achegando-se vez ou outra; Deus está aqui, dentro dele conosco, presente, próximo.[1}
[1] MCLAREN, Brian. A Mesagem Secreta de Jesus. Thomas Nelson Brasil. Rio de Janeiro, 2007. Pg. 81-83.
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