sábado, 28 de abril de 2012

A santa que queria se mesclar


Não consigo ainda deixar de me perguntar se nestes dias em que tão vasta proporção da humanidade está mergulhada no materialismo, Deus não deseja que haja homens e mulheres que entregaram-se a ele e a Cristo e permanecem apesar disso fora da igreja.

De qualquer modo, quando penso no ato pelo qual eu entraria na igreja como algo concreto, que pode acontecer num futuro próximo, nada me dá mais dor do que a idéia de separar-me da imensa e desafortunada multidão de descrentes. Tenho a necessidade essencial, creio que pode-se dizer a vocação, de andar entre homens de todas as classes e feições, misturando-me a eles e compartilhando de sua vida e perspectiva na proporção que a consciência permite, mesclando-me à multidão e desaparecendo no meio dela, para que eles se mostrem a mim como são, removendo todos os seus disfarces diante de mim. Isso porque desejo conhecê-los de modo a amá-los como são. Pois se eu não amá-los como são, não será a eles que estarei amando, e meu amor será irreal. 

Simone Weil, em carta de 19 de janeiro de 1942 ao padre Perrin

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